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Octávio Vieira, 33 anos

Octávio Vieira, 33 anos. Quando o encontrei e o convidei para o projecto, disse-me logo entre gargalhadas: “o senhor já entrevistou o meu Tio! E agora vai falar com o rapaz mais envergonhado de Rabo de Peixe”. 
Nascido e criado nesta conhecida vila de pescadores, vive também desta arte desde os seus 14 anos, porque a sua "cabeça não dava para estudar". Diz que, mesmo hoje em dia, os rapazes mais jovens que conhece aqui pela vila também não têm muito interesse pela escola, "só querem saber do mar, de serem pescadores e de ajudar as suas famílias", e que isso também tem muita importância. “Comecei a trabalhar em terra primeiro mas depois fui logo para o mar e gosto muito do que faço, não há vida melhor do que essa, de pescador. Até podia ser pedreiro, mas hoje em dia nem pedra há para carregar, por isso mais vale ter uma vida boa de mar." O grande problema nessa vida é que "agora trabalha-se mais e ganha-se menos", e, claro, as "aflições" e sustos que a vida no mar traz a todos os que dele vivem para sobreviver.
Por fim, diz que é "feliz às vezes - um dia bom, um dia mau; uma semana boa, uma semana má. Isso deve ser igual para todas as pessoas não é?”, pergunta-me sem esperar qualquer resposta. “Eu deixo tudo correr com calma...”, disse antes de voltar aos afazeres para regressar ao mar logo pela madrugada. Obrigado, Octávio.

Rabo de Peixe, 7 de Abril de 2016
Rui Soares


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