Luís Vieira, 44 anos. Numa manhã de muito mau tempo, o Luís estava a preparar-se para ir para o mar. ”Estou a safar aparelho para amanhã irmos para o mar. Amanhã já vai estar melhor, as previsões já estão melhores!”
É pescador desde os 13 anos. "Se vires bem, todos nós começamos a ir para o mar desde muito novos. Estive sempre nesta vida, eu sempre quis ser pescador e gosto mesmo do que faço, mesmo quando passo algumas aflições. Mas é assim, um dia mau e um dia bom. No verão é melhor, todos os dias são quase sempre bons. Isto é uma vida em que se ganha pouco mas consola estar no mar. Viver desta arte não é para todos!”. À semelhança de muitos, confessa que antigamente vivia-se muito melhor do que agora, especialmente porque o dinheiro rendia muito mais; "Ah, o dinheiro de hoje em dia não presta, antigamente tínhamos sempre dinheiro e trocos, hoje em dia vais com 5€ à loja e não trazes nada!". 
Natural da mais conhecida vila de pescadores de S. Miguel, este diz-me em tom de admiração que as pessoas de Rabo de Peixe com "mais valor" são as mulheres: "elas aguentam casas cheias de gente, criam os nossos rapazes, e assim podemos ir para o mar descansados". No que diz respeito ao futuro, diz que "essa vida não dá para fazer planos" e, embora a vida de pescador seja difícil, "não se pode cismar e ser como os carneiros de cabeça sempre baixa. Temos de levantar a cabeça e ir para o mar de novo!”. Obrigado pelo seu tempo Luís.

Rabo de Peixe. 11 de Abril de 2016
Rui Soares