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Lindonor Parreiral, 65 anos

Lindonor Parreiral, 65 anos. A equipa “Um Estranho por Dia” esteve hoje presente nas Jornadas de Psicologia, em Coimbra. E enquanto estávamos a montar a nossa exposição reparei na primeira pessoa a ver as fotografias. É óbvio que não podia deixar de aproveitar a oportunidade. Começou por me contar que o marido, pouco tempo depois do casamento, teve de ir trabalhar para o Zimbabwe. “E como ambos achávamos que um casal à distância nunca iria funcionar, acabei por ir ter com ele. As saudades matavam! Quando lá cheguei fiquei bastante comovida com as condições em que as pessoas viviam. Os ‘brancos’ não podiam trabalhar e dava pena olhar para eles e ficar com a sensação que tinham fome. Era claro que tudo o que eles queriam era fazer algo para poderem ganhar algum para sobreviverem. Então comecei por lhes ensinar a fazer as lides domésticas. Não imagina, sentia-me mesmo bem em poder ajudar. Era bastante gratificante. Sabe, aquelas pessoas não tinham maldade nenhuma. Eram genuínas”. Porém, havia muita mistura de línguas, o que dificultava a comunicação. “Felizmente, descobri que havia uma pequena comunidade de portugueses. O que ajudou imenso. Se fosse apenas eu e o meu marido, teria sido bastante mais complicado”. 
Mais tarde, tiveram de sair do país numa altura em que mudaram a lei e obrigaram os imigrantes a cumprir serviço militar. O que para o marido de Lindonor não era opção. “Então tivemos de sair sem nada. Tivemos de lá deixar todos os nossos bens pessoais e o pouco dinheiro que tínhamos reunido, durante os 7 anos que estivemos no Zimbabwe. E isso custou imenso. Viemos para Portugal e tivemos de começar novamente do zero”, conta Lindonor. Quando lhe pergunto se algum dia pensa em regressar não hesita em dizer: “talvez um dia regresse, apenas para visitar. Sei que agora deve estar bastante diferente. Mas é claro que gostava de ver”.

Coimbra, 5 Abril 2016
Rui Miguel Pedrosa


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