José Vieira, 48 anos. Encontrei o Sr. José em Rabo de Peixe. É pescador “desde que se lembra”, e disse-me que aceitava falar comigo porque alguns dos barcos não saíram hoje, mas que descansasse que “amanhã já temos peixe fresco” e até me prometeu algum.
Diz ser pescador desde os 13 anos, e só não começou mais cedo porque ainda não tinha obtido a cédula marítima: “Sempre quis ser pescador, mesmo quando estava na escola estava sempre no mar. É uma profissão boa, mas temos sempre altos e baixos… é mesmo assim, temos de aceitar tudo o que a vida nos trás, de bom e de mau.” Conta-me que já foi proprietário de um barco, mas decidiu desfazer-se dele porque acabava por dar muito trabalho: “Vendi o barco no mês do Natal, já estava a chatear. Ainda era grandinho, tinha 11 metros. Agora trabalho com um sobrinho meu, as coisas estiveram meio tortas mas agora já começa a endireitar”, diz ele na sua pronúncia cerrada. Como muitos, conta que antigamente vivia-se bem melhor, isso porque “quando o euro quando entrou, tudo subiu 3 vezes mais e nos continuamos a ganhar o mesmo ordenado”
Tem 4 filhos e acha que todos eles vão ser pescadores como o pai, o que não é, de todo, um problema para si: “Até o meu mais moço, de 10 anos, adora e dá-se bem no mar, e calhar vai ser ainda um grande pescador. Não me importo nada que queiram ser pescadores, a vida na terra está pior do que a vida no mar”, diz com uma pontinha de orgulho na sua voz rouca.
Por fim, conta que é muito feliz em Rabo de Peixe, tem uma boa vida e uma boa família; “Vou vivendo um dia de cada vez porque esta vida não dá para fazer planos melhores. Uma pessoa fica feliz vivendo bem. Acho que nos basta isso para estarmos bem!” Obrigado Sr. José e que o mar esteja a vosso favor todos os dias.
Rabo de Peixe. 5 de Abril de 2016
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