Eusébio Alves, 72 anos. Encontrei-o sentado num banco a fazer o seu cigarro. Conta que esteve no serviço militar durante 36 meses e era atirador de morteiro. “Estive no Ultramar e felizmente nunca me vi em nenhuma situação mais complicada, em risco de vida. O único risco que corri, curiosamente nem teve nada a ver com a guerra. Foi quando estive internado com paludismo, doença mais conhecida como malária. Foi bastante complicado”, recorda. Revela que veio para Leiria à procura de trabalho, onde acabou por conhecer a esposa e casar. Desde então, não voltou para a sua terra natal, a Sertã. “Agora, estou reformado. Teve de ser. Sabe, comecei a fumar quando tinha 12 anos. Na altura, estava em Lisboa a tomar conta do meu tio que era cego e eu era o guia dele. Ele fumava. E a curiosidade levou-me a experimentar. E, olha, até hoje”, confessa Eusébio, explicando que se reformou porque lhe foi detectado um cancro na garganta e teve de ser operado. Naquele momento, leva a mão ao bolso para arrumar o cigarro que, durante a nossa conversa permaneceu a passar entre os dedos, como que se estivesse a “matar o vício”, que assume ser mais forte. Tendo em conta a situação, quis saber se ainda fuma. “Estive 2 meses sem fumar. Mas nos locais que frequento para ocupar o tempo via as pessoas a fumar. Muitas pessoas próximas de mim faziam o mesmo. Nada disso ajudou. Isto é um vicio ainda mais forte que eu”, reconhece. Afirma fumar muito menos, até porque está em tratamento para deixar o tabaco, mas como diz o ditado: “Burro velho não toma ensino”. “Deixar de fumar seria perfeito. Não tenha dúvida que se isto fosse fácil já não fumava. Mas não desisto e continuarei a ir aos tratamentos”, promete, no final da conversa.
Leiria, 14 Setembro 2016
Rui Miguel Pedrosa
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