fazem parte da família. São nossos companheiros de quatro patas e nunca passaram fome
Sandro, 15 anos. Foi o circo que me prendeu a atenção. Imaginei que poderia ser um local interessante para encontrar o meu ‘estranho’.
Aí conheci o Sandro. Afável e disponível, inicia a conversa de imediato. Conta que cresceu numa família de circo e que, muito cedo, ganhou interesse pela arte que, prontamente, diz encarar como sendo a sua casa. “Estou habituado à minha casa sobre rodas. Nós até temos casa fixa, mas quando vamos para lá, acabamos por continuar nas caravanas”, confessa, sorrindo.
Nunca conheceu outra realidade, admite.
“Cresci a ver o meu avô a trabalhar com animais e percebi que era isso que queria”, explica, adiantando que “aos 10 anos, para perder o medo e a vergonha, comecei por ser palhaço. Só agora é que, finalmente, comecei a trabalhar com cavalos”.
São animais, no seu entender, “inteligentes, bonitos e elegantes. Trabalhar com eles exige muito treino, mas estou a adorar”.
Um dos receios que tem é que venham a proibir o trabalho com animais nos circos. “Há circos onde os animais são maltratados. Todos nós sabemos e até conhecemos alguns. Mas aqui não: nunca o fizemos. A imagem deste circo foram sempre os animais e sempre cumprimos a lei. Infelizmente, por uns pagam todos. Deviam, sim, fiscalizar e não proibir”, defende.
Para si, os animais “fazem parte da família. São nossos companheiros de quatro patas e nunca passaram fome”.
E não esconde alguma indignação ao contar que, “durante o período da pandemia e quarentena, não houve ninguém que viesse mostrar preocupação e oferecer ajuda para alimentação e cuidados aos animais”. E, acrescenta, “são custos elevadíssimos”. Por isso, relata, “vimos muita da nossa poupança a sair para os poder manter a todos connosco”.
“Se algum dia proibirem os animais nos circos, lá terei de procurar outra coisa para fazer. Talvez malabarismo. Mas espero que nunca seja necessário porque adoro poder estar com eles”, desabafa.
Leiria, 17 Março 2023
Rui Miguel Pedrosa
0 Comentários