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José Borges, 66 anos

José Borges, 66 anos. Hoje, de novo, foi o meu “estranho” que me encontrou. “Tu não és o neto do Renato Soares?” perguntou ele, explicando-me depois que a oficina em frente da qual o encontrei, já tinha pertencido ao meu avô paterno, que ele conheceu e trabalhou durante largos anos. “Comecei a trabalhar com o seu avô com 13 anos e este casaco azul que tenho aqui, era dele, guardo-o como recordação” contou-me ele, e continuou: “Aos 15 anos fui para a fábrica onde o seu avô era o chefe da manutenção da fábrica do álcool, e depois da hora da fábrica, continuei a vir para oficina. Lembro-me de tantos episódios, um deles, havia uma altura em que a luz eléctrica era cancelada das 18h as 22h , vínhamos para cá e ficávamos a conversar até haver luz de novo. Vínhamos todos os dias para cá! O seu avô, bem era um homem à antiga, homem rígido, um temperamento especial, ele podia-se zangar no trabalho mas era uma pessoa que não tinha rancor com nada, até nos deixava meios confusos, depois de se zangar falava connosco sem problema, era um homem rijo mas bom, aprendi tanto com ele, aliás aprendi tudo com ele, lidar com pessoas, com as modernices da altura, etc..e para mim, ele foi um segundo pai, ele praticamente tinha a idade do meu pai, que faleceu quando eu tinha 14 anos, então ele ajudou-me, ensinou-me, foi praticamente o meu segundo pai. Aprendi muito na vida e nesta arte que é a serralharia, ele era um serralheiro como poucos” disse-me ele, deixando-me de uma de certa forma ainda com mais orgulho do meu avô. Falando sobre o mundo e a vida actualmente, concluiu a dizer: “Agora estou reformado, a vida corre devagar, mas o que vejo é que as pessoas deviam procurar produzir, trabalhar mais e serem mais unânimes umas com as outras, serem mais transparentes, coisa que hoje em dia não existe muito, um dia diz-se uma coisa e depois pelas costas diz-se outra, e acho que isto vai levar muito tempo para melhorar, uma coisa é certa, se nós todos não andarmos consolidados e a colaborar uns com os outros..isto dificilmente vai ao seu lugar”. Obrigado por ter falado comigo Sr. José e que guarde o casaco do meu avô Renato ainda mais 27 anos.

Lagoa. 23 de Junho de 2016
Rui Soares


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