Raul Pedrosa, 33 anos. Nos dias que correm, a grande maioria das pessoas desculpa-se com o stress do dia-a-dia, ou a pressa, para não perder tempo com um simples bom dia ou boa noite. Mas hoje aconteceu-me algo invulgar. Estava num passeio à procura de alguém para fotografar e eis que passa uma pessoa e me diz efusivamente um 'bom dia'. Ainda olhei para o lado, meio baralhado, até que percebi que era mesmo para mim. Percebi rapidamente quem iria ser o meu 'estranho' do dia e o desafio foi aceite prontamente, desde que fosse rápido. Depois de me contar de onde era natural e falar sobre a sua profissão, a conversa encaminhou-se para o hemagioma que tem na face. Disse-me que foi provocado por uma queda da sua mãe, quando estava grávida de 7 meses. “Já foi maior. Mas já fiz 7 operações para retirar osso e as fibras criadas. E sempre tive uma vida normal e sem dores, o que era o mais importante para mim. Reconheço que na infância tive imensos complexos, mas apesar de tudo sempre tive imensa vontade de viver e foi por isso que sempre lutei”, desabafou Raul. Essa garra levou-o a concluir o 9º ano e ir trabalhar. “Se houve coisa que nunca quis foi viver de subsídios. Sempre quis ter a minha autonomia. Poder trabalhar para mim para poder viver”. O esforço foi recompensado, ao conseguir realizar o seu maior sonho, que era ter uma família. “Sabe, era mesmo muito importante para mim poder ter uma família. Era o meu sonho. Sempre achei que seria impossível de realizar devido à minha situação. Finalmente consegui realizar esse sonho e até já tenho uma bebé com 14 meses”, sorriu orgulhoso. Para os que estão a ler, acreditem, não consigo arranjar palavras para descrever a alegria que o Raul transparecia quando me disse isto. Fiquei sem palavras. Fazendo referência ao que passou e como aprendeu a viver com o hemagioma, afirmou ter aprendido a pensar de uma forma diferente. “Eu não sou deficiente, eu sou diferente. Quem quiser gostar de mim gosta como eu sou”, assegura Raul.
Leiria, 31 Maio 2016
Rui Miguel Pedrosa
1 Comentários
Meu caro amigo, os meus parabéns pelo teu testemunho que nos faz muito bem. Se podemos fazê-lo, por não?...
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