José Augusto F., 66 anos. Quando encontrei o Sr. Pedro, estava numa praça em São Roque com uns amigos. Quando expliquei o projecto ao grupo, disseram-me logo para falar com ele: “ Ele é o Regedor da Freguesia, é a pessoa certa para falar”, disse-me um deles. Empresário no ramo da cozinha, para o Sr. José Augusto “é uma honra que me chamem de Regedor e isto é uma terra tão pequena que se não vivermos em amizade, não se pode viver. É uma forma de brincadeira e respeito, temos de ser amigos de todos”, diz ele enquanto passa mais uma pessoa que o cumprimenta - e foram várias durante a conversa. Sempre viveu em São Roque mas o tempo que passou em Moçambique marcou-o para a vida. “Quero ainda lá voltar, Deus me dê saúde para voltar. Aquele cheiro, o cheiro a África, aquilo marca-nos de uma maneira que não é fácil esquecer. Fui devido a uma guerra estúpida que não devia ter existido, um rapaz de 21 anos não devia presenciar aquilo. Deixou-nos algumas mazelas, a minha companhia tinha 162 homens e apenas 96 regressaram, era uma companhia de intervenção - a Companhia 2755. Mas aquele que volta, vem com saúde e isto é suficiente às vezes. Se fosse hoje em dia eu não tinha ido... tenho boas recordações também, mas a culpa foi de Portugal, não soube dar a independência na altura certa e perdeu-se um lindo país." Continua dizendo que neste momento tem uma vida estável, "graças a Deus, e agora é aproveitar, muita saúde e muito trabalho para todos nós!”. Quando o estava a fotografar, pediu-me que a igreja da sua freguesia aparecesse na foto, algo a que anui. Espero que goste da fotografia, Sr. José. São Roque. 2 de Maio de 2016. Rui Soares
0 Comentários