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Jorge Cardinali, 51 anos

Jorge Cardinali, 51 anos. “Calculo que deve querer que fale sobre o passado das drogas”. A conversa começou assim. A luta da vida tornou-o frontal e directo. E é por isso que frequentemente é convidado a dar o seu testemunho nas escolas, sobre os malefícios da droga. Mas, curiosamente, o que me levou a ir ter com o Jorge foi o facto de não ser propriamente um “Estranho”. Adora ser artista de rua, e até já detém alguns ‘records’ no livro do Guinness. É natural de Penacova e veio para Leiria há cerca de 22 anos, influenciado por familiares. “Foi depois da escola, com 16 anos, que comecei a ter de me fazer à vida. Talvez tenha sido um bocado de influência do meu pai, que era ilusionista. Mas sempre tive preferência por magia cómica. É o meu forte. Cativa-me imenso o poder trabalhar com o público e interagir com ele. Sim, sou mesmo da família Cardinali, aliás, de outra forma nem poderia usar o nome”, esclarece sorrindo. “Mas sabe, fiquei viúvo muito cedo e com um filho de 2 anos para criar. Acabei por ficar desorientado e cai no mundo das drogas. Andei cerca de 15 anos nesse terrível mundo. Com o tempo fui-me desleixando e acabei por deixar de fazer espectáculos. Tornei-me sem abrigo e arrumador de carros”, confessa Jorge. Sem nunca esconder o orgulho da vitória, na batalha contra as drogas, afirma que decidiu dar um novo rumo à sua vida há 6 anos. “Fartei-me e, felizmente, no meu caso, não cedi ao mito das más influências e consegui sair dessa vida. E tenho que agradecer bastante ao meu filho mais velho, que foi o meu grande apoio”, afirma emocionado, explicando que é preciso muita força de vontade. “Mesmo depois de sair dessa vida nunca deixei de cumprimentar e falar com as pessoas que me eram próximas e que estavam na mesma situação que eu tinha estado. Não os quis abandonar. A sociedade não tem a real noção que a exclusão social é um dos factores que afecta, em muito, aquelas pessoas. É importante que haja uma inclusão social. E por isso é que achei que me podia tornar num exemplo e decidi tornar-me voluntário da associação InPulsar, onde faço parte das equipas que dão assistência à malta da rua”, desabafa Jorge, num misto de revolta porque muito mais podia e devia ser feito. Aos poucos, Jorge conseguiu ir refazendo a sua vida onde divide o seu tempo entre os diversos espectáculos de rua e o voluntariado. E também faz parte da Rede Anti-Pobreza, onde trabalham para dar voz as vítimas de pobreza para que os políticos conheçam as suas necessidades. “E não escondo que quero superar-me a mim mesmo e já estou a pensar no próximo ‘record’ para o Guinness. Mas ainda não posso falar sobre isso”, sorri.

Leiria, 22 Maio 2016
Rui Miguel Pedrosa


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