Frederico Malhão, 24 anos. Ontem, foi dia de festa para o Atlético Clube da Sismaria (ACS), que celebrou o 70º aniversário. E, como é sabido, na cidade do liz, o andebol é o desporto rei. A grande maioria dos jovens jogou andebol e os que não jogaram, aposto que têm pena. Dentro das quatro linhas era rivalidade ao mais alto nível, algumas das vezes contra amigos que jogavam em equipas rivais, mas fora do recinto de jogo, havia uma união que só quem por lá passou é que sabe descrever. São diversas as razões que fazem com que se queira jogar andebol. Umas por influência dos amigos, outras porque os familiares também foram jogadores, como é o caso do Frederico. “Comecei a jogar na Sismaria porque desde novo que via o meu irmão e mais tarde senti que também queria jogar. Então tive a sorte de pertencer a uma equipa que era das mais fortes que passou pelo clube. Tinha jogadores de grande qualidade e chegámos a ser bicampeões nacionais, altura em que o grau de exigência se tornou mais elevado”, conta Frederico, recordando, com orgulho, que com 14/15 anos começou a dar cartas e foi chamado à Selecção Nacional. Esta ascensão despertou o interesse de grandes clubes, como o FCPorto e Sporting. “Naquela altura os meus pais decidiram que era cedo demais e acabei por não ir para nenhum desses clubes. Mas, verdade seja dita, agora olho para trás e ainda bem que o fizeram”, desabafa. Aos 18 anos, sempre com o apoio dos pais, decidiu arriscar e aceitou jogar no Sporting, onde viria a conseguir alcançar êxitos e bons resultados nas competições europeias, no escalão sénior. No entanto, são os três campeonatos de juniores que considera os mais importantes. “Poder pertencer a uma equipa que me permitia evoluir mais como jogador foi o que me aliciou a aceitar o desafio. Tive a hipótese de poder jogar lado a lado com grandes nomes que via como ídolos e que se tornaram amigos, como se fossemos uma família”, confessa Frederico. Quem conhece a modalidade sabe que é um desporto duro. “Ao longo do tempo, fui tendo lesões que nunca foram bem tratadas e, recordo-me bem, num jogo contra a duríssima equipa do Belenenses, sofri uma lesão que me levou a estar 6 meses parado. E nesse tempo aproveitei para pensar na vida. Sempre deixei a escola para segundo plano e foi aí que tomei a decisão de regressar à Sismaria para poder investir na formação académica. E quis regressar porque queria ter também uma nova oportunidade para retribuir algo ao clube que tanto me influenciou naquilo que sou hoje”, explica Frederico. Mas não hesita em referir que está longe de sentir que desistiu. “Foi uma decisão de que não me arrependo para ter um futuro assegurado”, conclui. Aproveito para dar os parabéns ao ACS pela importância que tem na formação de muitos jovens, eu incluído.
Leiria, 29 Maio 2016
Rui Miguel Pedrosa
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