Milton Pimentel, 31 anos. Quando abordei o Milton para participar no projecto, este disse-me que eu já havia entrevistado o seu pai e que gostou muito, portanto "vamos embora!".
Começou por me dizer que trabalha num café, do qual o seu pai é proprietário, mas antes trabalhou na construção civil durante quase 14 anos. “Tenho apenas o 10º ano.. naquele ano, eu era o único rapaz numa turma de raparigas e estraguei-me todo,” diz ele entre gargalhadas. Viveu durante 7 anos da sua vida nas Bermudas, de modo que, quando regressou aos Açores, teve muita dificuldades com os estudos; “ Tive sempre de ter apoio... e no 10.º ano decidi que não queria estudar mais. Já tinha 17 anos, queria dinheiro, a carta, um carro, sabes como é! Jovens armados em rebeldes." Conta que hoje em dia vê com mais clareza que não foi a sua melhor decisão, arrepende-se e imagina que deveria ter se empenhado mais nos estudos. Por outro lado, "o nosso país se calhar não é o melhor para se estudar muito, não há emprego para ninguém!”, diz ele a pôr as coisas numa perspectiva bastante mais favorável. Diz que não pensa muito naquilo que vai ou não fazer, e a única coisa que planeia mesmo são as viagens, o seu novo vício desde que casou há 3 anos; " já fiz 3 cruzeiros e tudo, e tem sido das melhores coisas, viajar com a minha esposa.” A vida tem sido muito boa para si: os seus pais estão bem, vê os seus amigos todos os dias, as pessoas que frequentam o café são muito boas para si, e tem uma casa já paga. "Posso dizer que temos a vida orientada e ainda bem, porque se não fosse isso acho que já teria emigrado. Agora, é só esperar pelo filho - ainda não tenho - mas quero ter 1 ou 2. Mas antes disso, eu e a minha esposa queremos curtir um pouco mais a vida e as viagens”, diz a sorrir antes de ir atender mais uns clientes. Obrigado Milton, e que tenhas “muitos carimbos no teu passaporte”!
Lagoa. 27 de Abril de 2016
Rui Soares
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