Elsa Magalhães, 32 anos - Encontrei a Elsa num café em Lisboa a desenhar, quando a abordei notei logo o seu sotaque Francês "Nasci em França mas sou Portuguesa, tenho dupla nacionalidade. Os meus pais são ambos Portugueses mas emigraram em novos para França e eu nasci lá." Perguntei-lhe se era habitual desenhar "Curiosamente não, este é o meu primeiro desenho, comprei este caderno e comecei a desenhar hoje. Estou à procura de paz interior, estou numa fase da minha vida em que há muitas mudanças e sou muito exigente comigo e preciso relaxar. Estudei e formei-me em França mas quis vir para Lisboa e estou cá a viver há seis meses. Sempre vivi numa dualidade de culturas, é como se a minha identidade estivesse em guerra, mas acho que isso é normal entre emigrantes, os meus pais por exemplo estão emigrados há dezenas de anos mas têm sempre a mala feita. Mesmo sabendo que deixei os meus pais e o meu irmão aos quais sou muito ligada a minha vinda para Lisboa foi muito bem pensada. " Perguntei-lhe porque tinha decidido vir de vez para Portugal "Eu sempre vim a Portugal de férias desde nova com os meus pais e gostava muito, amo a luz de Lisboa, o facto de ter rio e mar perto e também acho que é visualmente muito rica. Depois encontrei o Fado e isso mudou a minha vida!" Perguntei-lhe onde entrava o fado na sua vida "Eu sou letrista de fado, mas tudo começou porque eu jogava basquete e rompi o tendão de aquiles e tive de ser operada e fiquei quase um ano em casa. Durante esse ano como não consegui vir cá ouvia muito fado e acabou por me ligar ainda mais a Portugal. Depois fui pesquisar sobre as letras de fado e fiquei fascinada porque não eram só frases cantadas mas eram verdadeiros poemas que falam de tudo e sempre ligados a emoções. Que melhor lugar do que Lisboa para viver o Fado?" Perguntei-lhe se vivia disso " Não, eu sou formada em Línguas e já estive cá a trabalhar no liceu Francês embora neste momento esteja sem trabalho. Relativamente ao fado posso parecer mesquinha mas não quero depender das minhas emoções para ganhar dinheiro, não quero escrever por obrigação mas sim viver a minha arte com total liberdade. Apesar de ter dito que estava à procura de paz estou a realizar o meu sonho aqui e estou a vive-lo aqui dia a dia" 

Lisboa, 15 de Abril de 2016
Miguel A. Lopes