Marc Garcia, 44 anos. “Faço 45 anos amanhã!” Encontrei-o a pintar um mural em Rabo de Peixe, uma encomenda por parte do proprietário de um novo restaurante: “vou ter pintar esta parede toda, vou pintar o Antero de Quental e a Natália Correia, e o resto vai ser em silhuetas. É trabalho para durar mais ou menos uma semana, mas se calhar um pouco mais porque sou muito meticuloso"! Pelo sotaque, dava para entender que o Marc esteve emigrado. “Sou repatriado do Canadá... eu assaltei umas lojas por lá, e desde de 2005 estou aqui. Se estivesse lá, se calhar estava a trabalhar na construção, mas cá, com muita sorte, eu sou “artista”!, diz com um sorriso. Está a fazer aquilo de que gosta, pinta quadros, murais, e também uns retratos "para ganhar uns trocos". Já fez até algumas exposições, e isso fez-lhe "tomar ainda mais o gosto" pelo trabalho. Comenta que a maioria das pessoas não sabe em que circunstância está aqui nos Açores, mas diz que, desde que trate sempre todas as pessoas com respeito, "está sempre tudo bem". Embora tenha sido um pouco difícil de se adaptar no início, sente-se cada vez melhor nas ilhas: "No início, os primeiros 3/4 anos foram horríveis e desmoralizei-me muito, acho que andei uns anos deprimido mesmo. Mas depois de começar a conhecer outros artistas e outras coisas, fiquei com inspiração para voltar a desenhar e pintar. Agora as coisas estão a correr melhor", diz-me com ar de satisfação. Tem, claro, algumas saudades de Toronto, onde tem toda a sua família e amigos. Gostaria de poder visitá-los e tem boas recordações do país, mas já não tem vontade de regressar: "Não quero sair mais de cá, agora para ser feliz apenas preciso de fazer o que eu gosto e não há muita gente que possa dizer isto”, algo com que concordo perfeitamente. Para terminar, conta-me que o seu que tem um grande sonho e que está a trabalhar nele: “eu comecei a pintar mesmo a sério só em 2011, por isso ainda tenho muito por onde aprender e ver, mas o que gostava mesmo era de fazer exposições por várias cidades da Europa”. Marc, os bons chegam sempre lá. Foi um grande prazer conhecer-te.
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