Raúl da Silva, 72 anos. O senhor Raúl integrava um grupo com cerca de uma centena de pessoas que estava em protesto para defender a extensão de saúde de Frazoeira, perto de Ferreira de Zêzere. Juntaram-se para mostrar o descontentamento contra a possibilidade de encerramento dessa unidade de saúde, com cerca de 1700 inscritos e apenas um médico de família a fazer consultas duas vezes por semana. “Eu sou de uma localidade relativamente perto mas estou aqui inscrito. E explico-lhe já o motivo. Porque já na altura, fizeram o mesmo ao centro de saúde da minha localidade. Fechou e tive de vir para aqui, há 20 anos. O problema é que antes podia movimentar-me sem problema. Mas agora dependo sempre de outras pessoas para me deslocar. E se fecharem este?”. Infelizmente este é um problema que atinge diversas populações, principalmente do interior do país, que cada vez mais envelhecidas, parecem ser esquecidas. “Nestes meios rurais as pessoas estão velhas. E muitas das vezes dependemos sempre da entreajuda entre vizinhos. Mas com a idade está cada vez mais complicado. Temos de nos deslocar de táxi. Não tenho nada contra, mas e o dinheiro? Se este fechar, o mais próximo fica a 10 quilómetros. Vamos a pé?”. Outro problema, que dificulta, é a reforma que “é cada vez menos e dá para pouco mais do que os medicamentos que precisamos”. Em jeito de conclusão, reforça que o posto médico faz imensa falta. “Há muita gente que precisa deste centro de saúde. Apenas gostava que tivessem consideração pelos mais velhos e não se esqueçam do interior do país”. 

Frazoeira, 01 Março 2016
Rui Miguel Pedrosa