Joaquim Rijo, 71 anos - O Sr. Joaquim é segurança, há alguns anos que o cumprimento e é sempre muito simpático. Não sabia nada da sua vida e hoje decidi conversar com ele e fotografá-lo. "Já estou reformado, venho aqui para me entreter, mas já venho aqui há mais de 18 anos. Há 7 anos a minha esposa faleceu de cancro, era muito nova, tinha só 57 anos. A minha desgraça foi ela partir, tinhamos uma bela vida e ía-mos fazer 40 anos de casados quando ela partiu. Ela era mais nova que eu e eu fiz dela uma mulher, e ela de mim um homem. Sabe, tenho a casa como ela a deixou, não vendi nada, ainda choro muito pela minha mulher quando olho para a cama antes de me deitar." Depois disse-me "Mas a vida continua...Costumo ir a uns bailaricos dançar, na Amadora, Mundial, Odivelas e outros, mas com a minha idade é difícil voltar a arranjar mulher. Sou pequenito mas sempre tive a mania, as moças novas de quarenta e poucos anos andam sempre atrás de mim a querer dançar comigo." e a sorrir rematou "Ali o que há mais é mal casadas, mas só vou lá divertir-me um bocado. Tenho uma filha solteira e um neto e vivo para os ajudar." Depois contou-me " Tal como lhe disse sempre tive a mania, sempre fui vivaço, há 4 anos fui apanhar azeitonas, andei a carregar cestos de azeitona, armado em valentão e no dia seguinte a calçar uma meia fiquei paralisado por causa de hérnias. Gritava sozinho em casa com dores, tinha de andar com andarilho, cheguei a pensar em matar-me, mas felizmente fiquei bom e olhe, cá ando e espero em junho fazer 72 anos".
Lisboa, 29 de Fevereiro de 2016
Miguel A. Lopes
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