J.A. 50 anos. O Sr. J. aceitou participar do projecto com a condição de permanecer anónimo: “faço aqui uma coisa um pouco ilegal... sabes como é, os tempos..”, diz ele. Conta-me que é da Vila Franca , é lavrador e, infelizmente, as coisas não estão muito fáceis: " vamos vivendo aos poucos, mas a vida está difícil. Está mal no mundo inteiro, temos de ir vivendo dia a dia.Mas eu estou feliz, desde pequeno que quis ser agricultor para trabalhar com animais. Tenho umas cabras, uns cavalos, uns bezerros, porcos, e, contando com galinhas e os outros, devo ter cerca de cento e tal animais! Sempre trabalhei nas terras com o meu pai desde pequeno, sempre gostei muito e era a minha arte ter animais, nasci mesmo para isso”,diz-me com um olhar de satisfação.
Conta-me que o seu trabalho não dá para grandes luxos, mas dá para viver. Na sua casa cultiva tudo de forma biológica e vai vendendo os produtos à medida que pode: “ Como os queijos ; são de cabra , e na folha de conteira, como se fazia antigamente. Isso foi proibido ...e vendo pouco, venho a este sítio uma vez por semana.. . "bem , o queijo é bom, é feito de forma rústica, assim caseiro, sem produtos sem nada . Pode-se comer de olhos fechados, não tem drogas nem nada, queijo puro de cabra, feito de forma natural envolto em folha de conteira . Mas já viste, abrir actividade para vender uns queijinhos, o governo levava-me o dinheiro todo!”
Agora o que quer é saúde para ir "andando para a frente ". Isto já foi bom h á uns anos atrás .... mas agora é manter a vida e andar para frente” , diz ele antes de ir vender mais uns queijos. Obrigado pela sua sinceridade e tempo , Sr. J. Os queijos são realmente muito bons.

Ponta Delgada. 1 de Março de 2016
Rui Soares