Natalie Chan, 24 anos. Conheci a Natalie em Hong Kong, onde estou de momento. Aqui, eu é que sou o "estranho", é difícil fazer com que as pessoas queiram conversar, e a Natalie não foi excepção. Mas depois de lhe explicar o conceito do nosso projecto e delhe dizer de onde vinha, diz estupefacta: “do meio do Oceano Atlântico?! Ilhas?! Não acredito!”.
A Natalie é mesmo natural de Hong Kong e gosta muito de da sua terra. Foi aqui que nasceu, é aqui que trabalha, é aqui que tem toda a sua família, mas o grande amor pelo seu país e a vontade de ficar vai-se diluindo na ideia de viver noutro país: “eu não tenho dinheiro para ir para o estrangeiro... Eu amo este lugar e não quero mudar, mas estou vendo a forma como a economia está indo e não é nada boa. Eu podia me mudar, mas é difícil. Eu gostava muito de ir para Londres, porque Hong Kong foi colonizada pelos britânicos e eu gosto do estilo deles e da forma como eles governaram este lugar. E eu adoro a vibração de Londres, a cidade... bem, um dia talvez!”.
Neste momento trabalha no negócio da sua família, sendo gerente de uma loja de óptica. Gosta do seu trabalho, mas o seu sonho de criança era muito diferente: “o que queria ter sido era treinadora de golfinhos! Eu amo o oceano, adoro nadar. Mas quando contei à minha mãe, ela disse: 'pára de sonhar!'... Mas isso foi em criança, depois temos de enfrentar a realidade." Independentemente dos sonhos de infância, diz-me que se sente muito feliz, porque tem uma família que a ama, "um namorado lindo", e adora a sua cidade, embora esta esteja a passar uma fase difícil de momento: "houve à volta 24 suicídios de estudantes desde Setembro até agora, talvez porque eles não vêem um futuro brilhante para Hong Kong. Isso deixa-me muito triste... Mas no geral sou uma pessoa feliz, e acho que ainda há esperança para esta cidade." Muito positiva, diz-me que espera por uma grande mudança na sua cidade, onde adora estar, independentemente "do mau governo". É uma pessoa bastante metódica e diz que planeia os seus dias, semanas e o ano ao pormenor; "mas o meu namorado não é assim, ele faz todas as surpresas e isso é suficiente para mim”, diz a rir.
Hong Kong. 19 de Março de 2016
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