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Maria Leonor Dias, 69 anos

Maria Leonor Dias, 69 anos. Hoje, fui a Torres Novas, para fotografar o senhor Manuel Dias que estava acompanhado da esposa. Conversa puxa conversa mostra-me o conjunto de cartas que guardava religiosamente e diz-me “isto são tudo cartas que ele me escreveu enquanto estava em Moçambique”. E pronto. Perante esta bonita história de amor, estava encontrado o meu 'estranho' do dia. “Conhecemo-nos quando eu tinha 15 anos. E contra a vontade do meu pai começámos a namorar. Ele era bastante protector e achava que eu era demasiado nova para namorar. Naquela altura era tudo muito diferente. Até que decidimos casar. No início, não foi fácil convencer o meu pai. O Manuel teve mesmo de ir ter com ele para lhe pedir a minha mão em casamento. Eu tinha apenas 17 anos e ele tinha 20. Como eu era menor, o meu pai teve de ir dar ordem de consentimento para poder casar. Mas poucos meses depois, ele teve de ir para a tropa. Naquela altura nem sei o que senti mas fiquei bastante triste”. Maria Leonor conta que sentiu uma tristeza enorme por ele ter de ir para Moçambique, ainda por cima porque estavam casados há pouco tempo. Mas revela, que antes de partir ele prometeu que lhe iria escrever todos os dias. “Naquela altura, como se ganhava pouco, ele enviava 2 ou 3 cartas, todas datadas, dentro de cada envelope. Coitado, senão não ganhava para os selos”, conta sorrindo. “E assim foi. Todos os dias ele me escrevia uma carta, onde contava tudo o que fazia no dia-a-dia. Mas o mais engraçado é que, naquele tempo, eu nem tinha caixa de correio. Tinha de ir a pé à mercearia, todos os dias, para ver se já tinha chegado alguma ‘cartinha’ para mim. Quando recebi a primeira foi uma alegria enorme. Para mim, não era só uma carta com mensagem de amor. Era uma forma de nos aproximar”. Foram cerca de 900 cartas que recebeu durante a estadia de 30 meses em Moçambique. Maria, revela que ele não falhou um dia. E guarda todas elas, religiosamente, na mesinha de cabeceira. “Por vezes, ainda me sento a ler algumas e ainda fico bastante comovida. Algumas vezes dá para sorrir e outras para chorar. Até ele já releu as cartas algumas vezes e vira-se para mim a rir e diz que naquela altura era bastante ‘melado’. São uma forma de ajudar a recordar tudo e a satisfação que sinto dele não se esquecer de mim. Uma forma de demonstrar o nosso amor”.

Torres Novas, 9 Março 2016
Rui Miguel Pedrosa


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