José Soares, 41 anos. Encontrei o José quando este estava a fazer jogging e prontamente aceitou fazer parte do projecto.
Comecei por lhe perguntar pelas suas tatuagens; "Isto é uma arte da qual eu gosto! Mesmo quando vivia nos Estados Unidos, sempre apreciei estas coisas no corpo das outras pessoas e decidi fazer. A primeira que eu fiz tinha eu uns 28, 29 anos. Tinha sempre um pouco de receio, devido à dor. Mas afinal não é nada de especial!”, diz a rir.
Viveu durante muitos anos nos EUA, para onde se mudou quando era muito pequeno: “Fui para lá com 2 anos e 9 meses, e lá vivi 26 anos. Mas fui repatriado... fiz umas porcarias, roubava um carro ou outro, fazia barulho depois das 22h, andava em brigas e com armas... coisas tolas! Eu não era um criminoso perigoso, qualquer pessoa comete uns erros, eu era novo. Estive 8 anos e meio preso e depois fui repatriado. Nunca segui o conselho dos meus pais. Infelizmente já faleceram, mas os meus pais estão sempre gravados em mim", conta com tristeza. Já vive na ilha há 13 anos, e refere que aqui nunca teve qualquer problema com a lei. Embora não tenha vindo por vontade própria, adora cá viver: "Amo estar cá! Porque casei-me, tenho filhos, tenho uma família. Aqui sou um homem novo e neste momento estou a espera de uma resposta de trabalho. Sou avó de respeito já, estou espectacular, nunca pensei que ia ser feliz assim.”
Diz que daqui a 10 anos espera estar feliz e satisfeito com a sua vida, da mesma forma que se sente hoje. "Quero estar bem de saúde, a trabalhar, com a minha família, e continuar a fazer a minha actividade física. Quero manter-me em forma, nadar no mar, pescar, mergulhar... eu não sou novo, mas sinto-me novo! Com 41 anos, a idade não é nada para mim”. Por fim, diz-me que só gostava de poder regressar aos EUA para visitar um filho que lá ficou; “mas depois é para voltar para trás!, eu já tenho a minha vida feita, a minha vida é aqui e adoro viver nesta ilha.” Obrigado, José.
Vila Franca do Campo, 10 de Março de 2016
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