Luís Fernando Silva, 64 anos – Encontrei o Sr. Luís junto à Mesquita de Lisboa onde o novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa iria estar: “ Moro aqui perto e vim só espreitar, mas não tenho fé nenhuma nos políticos. Tanto faz quem lá está porque nunca ouvem o povo como eu.” Perguntei-lhe se trabalhava “Já estou reformado mas ainda trabalho para repôr alguma dignidade no meu viver, se fosse viver só da reforma ía ser muito restrita a minha forma de viver, não poderia seguir com a minha paixão que é o atletismo. Sabe está a falar com um campeão de veteranos! Sou federado pelos Belenenses e há duas semanas revalidei três medalhas: Peso, Martelão e Lançamento do Dardo.” Sobre o seu trabalho e amor disse-me: ”Fui eletromecânico, estive na África do Sul e em Moçambique e foi lá que conheci a minha mulher, estamos juntos há 23 anos e casamos em 2005. Quando viemos para Portugal, eu sabia como era este país em termos de racismo e disse-lhe que se ela quisesse singrar o melhor era ir estudar. E assim foi, em quatro anos formou-se em Economia e trabalha como economista.” Quando lhe perguntei se tinha filhos contou-me com alguma tristeza “Infelizmente não temos filhos por grande infelicidade nossa. A minha mulher é mais nova que eu, tem 45 anos, esteve duas vezes grávida mas das duas vezes perdemos o bebé. Uma vez foi há 5 anos e a última vez foi apenas há 4 meses, o feto já tinha 7 meses e meio e foi preciso reconhecer o corpo e fazer o funeral e posso-lhe dizer que foi a experiência mais dolorosa da minha vida. Eu e a minha mulher ainda estamos a ter apoio psicológico mas não desistimos, não baixamos os braços para construir a nossa família. Continuamos a tentar e estamos a recorrer a fertilização in vitro, mas infelizmente por lei em Portugal, não posso ser pai por essa via com mais de sessenta anos, por isso estamos a ir a uma clínica em Espanha, é triste mas são as leis deste país!” Agradeci a sua sinceridade num assunto tão delicado e desejei a melhor sorte do Mundo para ele e para a sua mulher.
Lisboa, 9 de março de 2016
Miguel A. Lopes
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