Patricia Morgado, 23 anos. "Eu conheço-te, eu já te vi fazeres um Estranho!” Começou assim a minha conversa com a Patrícia, que aceitou logo participar.
“Sou nadadora salvadora, trabalho no Pesqueiro. Como é o único sitio que tem muita afluência mesmo durante o inverno, nós agora estamos lá todo o ano. Já vivo sozinha, vivo na minha casinha... tenho uma vida normal, estudei artes até ao 12º ano, mas achei que tinha ido para o curso errado. Não cheguei a ir para a universidade, e ainda bem que não fui, se calhar não era o que queria. Queria mesmo era estudar ciências de desporto ou fisioterapia. Na altura achava que me dava bem nas artes, mas tive de começar a trabalhar, foi necessário”. Conta que sempre desejou muito a sua independência e aos 18 anos já estava a viver sozinha e a trabalhar em Ponta Delgada: "sempre tive esse objectivo de viver sozinha, e de ter o meu espaço, tive de lutar por aquilo que queria.”
Explorou outros rumos onde a vida a poderia levar, tendo outros sonhos: “eu queria ter sido professora de capoeira, se calhar, fiz capoeira durante muitos anos mas também queria ser fotógrafa, porque o meu pai tem uma loja de fotografia na Ribeira Grande. Era uma paixão digamos assim, a câmera fotográfica foi o meu primeiro brinquedo”, diz ela a sorrir. Mas no fundo, foi o seu "bichinho do desporto" que a levou à sua profissão actual e ser nadadora salvadora é algo que adora, se bem que já teve algumas situações difíceis: "Uma vez eu e dois colegas tivemos de salvar 7 crianças e 5 adultos que se iam afogando. Foi uma situação difícil e até - lembro-me tão bem - haviam 2 gémeos, um colega meu estava a nadar em direcção a um e eu a outro, e aquele a quem eu estava chegar só me dizia para ir salvar o irmão...foi difícil, mas a recompensa é óptima, adoro o que faço!”
Sobre o seu futuro, diz que tenta não fazer muitos planos e vai vivendo um dia de cada vez. "Podia ter tido outra vida se tivesse ficado em casa dos meus pais, se calhar podia ser diferente... mas nós nunca conseguimos lutar por tudo de uma vez, temos de ir devagarinho, daqui a uns anos espero sentir-me realizada, tenho aquilo que preciso para sobreviver, para estar bem, tenho os meus amigos, tenho a minha família... eu estou bem.” diz com um sorriso de satisfação. Obrigado, Patrícia.
Ponta Delgada. 29 de Fevereiro de 2016
Rui Soares
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