Flor Dias, 32 anos. Natural de Cabo Verde, e licenciada em Ciências do Desporto, veio para Portugal em 2009. "Em Portugal é uma área que está lotada. Mas como sempre tive interesse na área da saúde decidi começar a procurar formações para complementar o curso. Achei que não devia ficar parada e decidi ser dinâmica, na área, para não ficar presa apenas à formação que tenho". E, sem perder tempo, passou de imediato a explicar que o exercício físico é essencial. "As pessoas vão tendo uma vida sedentária e não percebem que uma boa alimentação é essencial para o bem estar. Por vezes acham que estão a fazer tudo correctamente mas na realidade não sabem o que estão a fazer. Um treino não é igual para todos. O corpo tem limites e temos de os conhecer. Costuma dizer-se que somos o que comemos e o que fazemos". Impunha-se perguntar como estava esta área em Cabo Verde. "Há tanto que poderia ser explorado. Mas, actualmente, as pessoas estão demasiado interessadas no lucro. Não percebem que para haver lucro necessitam de ter bases. Por exemplo, gostava imenso de poder integrar as crianças da rua, com o auxilio do desporto. Tenho a certeza que ia ser um projecto maravilhoso e que garantidamente íamos transformar a vida das pessoas". O problema, esclareceu, é que há poucas pessoas a pensar como ela. "Gostava imenso de desenvolver esse projecto para, no futuro, poder olhar para trás e sentir orgulho. Sentir que consegui que as pessoas deixaram de olhar para os bens materiais e passaram a olhar também para os outros". Ou seja, o que Flor gostava mesmo era de "fazer algo útil" pelo seu país e pelos seus conterrâneos. "As pessoas que podem ajudar quem necessita desistem de o fazer, ou fazem-no apenas a pensar no 'status' que podem ganhar na sociedade".
Leiria, 24 Fevereiro 2016
Rui Miguel Pedrosa
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