Adriano Soves, 29 anos. Quando o abordei, explicou-me que estava a tentar dar instruções ao amigo de como podia ir ao seu encontro. Não sendo de Lisboa, tentei ajudar dentro do possível. Durante a conversa disse-me que só desde ontem já tinha sido abordado várias vezes na rua para ser modelo. É natural de Maranhão (Brasil) mas está em Portugal à procura de uma oportunidade de trabalho. "Tenho o curso de relações inter-pessoais e comunicação. E creio que devo conseguir trabalho em Portugal com alguma facilidade. Há 6 anos, morei um ano no Porto e desde aí que me considero um aficionado pela cultura portuguesa. As pessoas são fantásticas e quando cá estive criei alguns contactos profissionais na área". Adriano gostou tanto do nosso país, que durante os 6 anos que esteve no Brasil, falou tão bem dos portugueses que toda a família e amigos querem vir conhecer. "Só lhes falava de Portugal e do quanto eu queria regressar para trabalhar cá. Até que consegui regressar. Estou cá há 2 meses para tentar exercer a minha profissão. E gostava imenso que a minha família cá viesse". Pedi para me falar mais sobre o seu curso. "O simples facto de conhecer as diversas culturas é muito importante. A singularidade de cada pessoa é espectacular. Para mim não há raças. Somos todos humanos com uma raça única".
Aproveitando o balanço, quis saber se a cultura portuguesa tinha sido a que mais o fascinou. Respondeu-me que também havia gostado imenso de conhecer os franceses. "Eles são especiais. Apesar de tudo o que têm passado, com os atentados, sempre conseguiram ser superiores. Mantiveram-se sempre unidos. Ao longo dos anos sempre acolheram e ajudaram diversas culturas e agora estão sempre em ameaça constante. Óbvio que isto é apenas a minha opinião e acredito que deve haver imensas, mas custa-me perceber e acreditar os motivos dos atentados em nome de um Deus".
Para finalizar, perguntei-lhe se tinha alguma experiência na moda ou como modelo fotográfico. Disse-me que não, mas pela coincidência dos convites e da minha abordagem para o projecto, num curto espaço de tempo, não coloca essa hipótese de lado. "Se realmente se proporcionar, irei arriscar. Desde que consiga ir ganhando algum dinheiro é que importa".

Lisboa, 25 Fevereiro 2016
Rui Miguel Pedrosa