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Manuel B. 59 anos


Manuel B., 59 anos. Encontrei o Sr. Manuel com um ar muito pensativo, numa manhã gelada junto ao mar. Quando falámos sobre o projecto prontificou-se a participar mas disse-me logo que “isto não está muito bom, essa vida não está nada de jeito”. Desempregado há demasiado tempo e já sem direito ao fundo de emprego, o Sr. Manuel é um amarrador de ferro: “eu comecei a trabalhar aos 13 anos nas estufas, mas depois mudei para a construção civil, para o ferro. Só que hoje em dia não há trabalho, já não existem obras, está tudo parado... está 'teso de marreta'”, disse-me num tom pesado. Continuou contando que é solteiro e vive com a irmã, que o vai ajudando, porque "há mais de dois anos que não recebo nenhum rendimento, deixei de ter direito aos rendimentos sociais. Mas isto está uma porra, ainda tenho vida e corpo para trabalhar, só que não há..”. (Des)esperando por tempos melhores, passa os seus dias junto ao mar, junto à praia a passear no calçadão: “venho para aqui para distrair a cabeça e estar com os amigos. Da maneira que isto está, sempre a fechar empresas, isto nunca mais endireita, nunca mais vai para cima. Eu procuro emprego mas não aparece nada, isto daqui é para a cova, uma pessoa esmorece, mas é a vida...” disse-me ele. Desejei-lhe toda a sorte do mundo, mas afastei-me com um certo aperto no peito. Espero que as coisas melhorem, Sr. Manuel. Ponta Delgada. 10 de Janeiro de 2016. Rui Soares


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