Pedro C. 70 anos. Encontrei o Sr. Pedro de manhã bem cedo na praia. Estava um frio de rachar e quando o vi entrar na água decidi que ia tentar meter conversa assim que saísse, e assim foi. “Epa, isto está frio cá fora, mas faz lá a fotografia que já conversamos!”, disse-me quando lhe expliquei o projecto. “Não é demasiado cedo e frio para estares a falares com estranhos por aí?”, pergunta-me a sorrir com um ar de gozo, estando eu de casaco e gorro enquanto ele tinha acabado de sair do mar. Reformado, diz-me que “o gosto pelo banho no mar logo cedo vem de longa data. Sou ali de Santa Clara e íamos desde rapazes, passei quase toda a juventude na zona costeira, sempre a ir ao mar". "Só não venho se estiver mesmo mau, porque fica-se com um pouco de receio... e quando vamos, nunca vamos sozinhos, vai sempre mais um para estarmos a olhar uns pelos outros. Somos um grupo grande, umas 12, 14 pessoas”, continua. “Lá de vez em quando, levamos os nossos trambolhões, mas já estamos tão habituados que já nem ligamos. Mas ainda o outro dia foi perigoso, temos de conhecer onde entramos... fui parar às pedras, mas tudo correu bem”. Para além disso, também vai ao ginásio há muitos anos e anda 12 km por dia, porque "são estas pequenas coisas que nos fazem estar vivos ainda e activos, e hoje em dia posso dizer que nem tenho um pingo de preocupações”. Sr. Pedro, obrigado pelo bocadinho e que continue durante muito tempo ir dar o seu mergulho no nosso mar.
Ponta Delgada. 30 de Dezembro de 2015
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