Luís Nogueira, 58 anos – Algumas gaivotas a fazer muito barulho chamaram-me a atenção para o Sr. Luís que as alimentava com restos de peixes que estava a amanhar. Quando me aproximei reparei que não se tratava de um pescador qualquer pois a quantidade de peixe que tinha mostrava alguma experiência. É da Parede e é conhecido como “O Sardinha”, esta alcunha vem desde os seus 15 anos altura em que vencia tudo o que era concurso de pesca e ficou conhecido por essa alcunha porque usava sempre sardinhas como isco. Hoje pescou 16 sargos e uma tainha, pelo que me disse numa hora e meia “Podia ter pescado mais mas hoje o mar está mau, há bocado estava ali na areia e de repente fiquei com água pela cintura e ontem segundo ouvi, ali ao fundo estavam lá dois a pescar, veio uma onda e levou-os. Aqui amanho o que posso e para mim os sargos são o melhor peixe deste mar, assados são do melhor, ainda melhores do que os robalos, não são tão secos.” Quando lhe perguntei sobre o que faria à tainha disse-me a rir "é para os meus gatinhos!". A pesca é um hobbie, mas agora é também uma necessidade, pois sempre foi serralheiro mas há pouco tempo ficou desempregado porque a empresa onde estava faliu e o que pesca acaba por ser uma poupança em comida. "Vou continuar a fazer trabalhos de serralharia a quem precise". Tem dois filhos e "um deles é viciado em pesca, até tem barco e tudo mas eu não vou com ele porque me dou mal em barcos". Sr. Luís continue nas suas pescarias e sorte nos seus trabalhos de serralharia. 

Parede, 30 de dezembro de 2015
Miguel A. Lopes