Eduardo Rocha, 55 anos - quando reparei no Eduardo este bebia uma cerveja e fumava um cigarro encostado à parede de uma Igreja em Alcochete, chamou-me à atenção a sua t-shirt com uma imagem de Cristo e também reparei que tinha uma tatuagem de Nossa Senhora de Fátima num dos braços e no outro uma tatuagem de cristo. Quando o abordei perguntei-lhe se era um homem de fé "Sou, sou um homem de muita fé...!" Perguntei-lhe qual a razão das suas tatuagens e da sua fé "Há doze anos detetaram-me cancro ao fazer umas análises, fiquei muito mas muito transtornado, levei noites a chorar na cama, pensava que ia morrer. Foi uma altura muito triste, só pensava nos meus filhos e na minha mulher. Fiz mais um monte de exames e nada me acusava cancro, mas naquelas analises a leitura de todos os médicos era essa. Já era um homem de fé mas nessa altura ainda mais fiquei depois de começar a ir a Fátima a pé. Nessa viagem lembrei-me que poderia ser das amostras de urina e fezes que eu não tinha levado logo para essas analises, e que se poderiam ter alterado. Depois de ter voltado e falado com os médicos chegamos à conclusão que realmente deveria ser por isso que elas acusaram cancro, doença que felizmente nunca tive! Todo este processo fez-me pensar muito na minha vida, fez-me ser mais calmo, saber e realmente pensar que não sou imortal e faz-me levar a vida com calma e apreciar muito o dia a dia. Agora todos os anos em maio vou a Fátima a pé mais um grupo de pessoas. Saímos daqui de Alcochete e vamos até Benavente onde ficamos nos Bombeiros, depois continuamos e seguimos direito a Muge, onde antes ficávamos nos bombeiros mas como Muge deixou de ter bombeiros ficamos num pavilhão desportivo. Depois vamos até Minde e aí sim você deveria ir lá fotografar, porque são centenas e centenas de pessoas de todo o lado que ficam lá de noite no quartel dos Bombeiros de Minde e é excelente o convívio. Depois dali até Fátima é um pulinho." No final agradeci a pequena conversa e como ele é um homem de fé pedi-lhe para o fotografar com a Igreja atrás dele.
Alcochete, 13 de agosto de 2016
Miguel A. Lopes
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