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Pedro Vieira, 33 anos

Pedro Vieira, 33 anos. Conheci o Pedro através de uma amiga e quando descobri o que fazia convidei-o a participar no projecto! “Sou Marinheiro, mais propriamente trabalho no submarino Tridente!” respondeu-me de imediato, e continuou a falar sobre a experiência que é trabalhar num submarino: “A missão mais longa até agora foram 3/4 meses mas acima de tudo é diferente de tudo o que possas pensar, porque o espaço é muito reduzido, como deves imaginar, perdes privacidade, partilhas o espaço com os outros 32 que lá estão, não tens aquele sitio para ires fumar um cigarro, aliás quando estás debaixo de água nem podes fumar, nós trabalhamos cerca de 12h por dia, e quando o cansaço se acumula é como um desafio para as relações inter-pessoais, mas mesmo com a hierarquia, aproxima muito as pessoas, não há aquela imagem que vemos nos filmes do sargentão aos gritos, pelo menos na Marinha há uma proximidade maior entre as pessoas, e nos submarinos, porque emocionalmente a sobrecarga é um pouco maior, todos nós temos que ter um pouco mais do que achamos ter de bom senso, e gerir isto tudo é um desafio enorme mas muito gratificante, porque ainda por cima faz parte das minhas funções de Imediato”. Perguntei-lhe se tinha sido uma escolha pessoal ou não, a Marinha e os Submarinos e ele foi muito claro na sua resposta, tendo em conta que é um ilhéu, nascido na Terceira; “escolhi ir para os submarinos, desde miúdo que queria ir para a Marinha, depois de acabar o liceu consegui entrar na Escola Naval, e eu como ilhéu acho que Marinha disse-me mais do que qualquer outro ramo das Forças Armadas. Fiz parte do primeiro curso destes submarinos, desta classe, e cá estou agora no Tridente como Imediato, é um desafio gigante mas muito, muito satisfatório”. Sobre o seu futuro, conta-me que o esforço compensa; “Sou insatisfeito por natureza mas acho que devemos compartimentar as coisas, é um esforço estar longe dos amigos, mas temos que retirar da cabeça tudo o que possam ser sentimentos contraditórios em relação à tarefa que estamos a fazer, até porque o meu grande sonho é voltar a Terceira, gostava de voltar a ilha, tenho a minha casa nos Biscoitos que é uma casinha de fadas e gostava de voltar para lá, para fazer o meu ninho, escrever, sei lá, criar raízes, mas para isso, primeiro tenho de trabalhar muito.” Obrigado Pedro e espera que escrevas o tal livro das tuas memórias.

Ponta Delgada. 26 de Julho de 2016
Rui Soares


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