Edgar Loreti, 40 anos e Mogli 20 meses - conheci o Edgar quando deixei os meus dois cães no seu hostel para cães, e hoje ao ir busca-los ele aceitou ser o meu estranho. Além do hostel, Edgar também treina cães. "Treinei o meu primeiro cão tinha eu 15 anos e nunca mais parei! Na altura não havia muito sobre o ensinamento de cães, era muito por intuição. Agora já há livros sobre o assunto e cá há quem faça seminários mas muitos servem apenas para fazerem dinheiro. Tenho ido lá fora fazer cursos essencialmente na Holanda e na Noruega, país onde são os melhores a ensinar como ensinar cães. Aqui o Mogli que é um pastor-Belga Malinois, tem 20 meses e está a ser treinado para a modalidade de competição Mondioring, que para quem não sabe, é uma modalidade bastante exigente onde se avalia o controlo do treinador sobre o seu cão e a qualidade do seu treino e onde há provas de obediência, saltos e coragem." Perguntei-lhe se sido mordido ao que me respondeu com um enorme sorriso e descontração: "Já, montes de vezes, ainda ontem fui mordido aqui num dedo!" Depois recordou duas histórias: "uma das piores mordidas que tive foi de um Golden Retriever, era o cão que mandava nos donos e eu tentei conduzir o cão, ele virou-se a mim e mordeu-me os braços todos. Atenção que não há raças de cães perigosas! Outro caso foi o de um São Bernardo que se virou aqui à dona e mordeu-lhe a perna toda, durante uns quinze minutos não largou a perna da dona, a senhora mesmo ao ser mordida manteve a calma e disse ao marido, que também aqui estava, para não o puxar senão ia ser pior, eu e o marido conseguimos agarrar o cão mas ele estava incontrolável, estivemos a segura-lo mas já não aguentávamos mais e já estávamos a ponderar larga-lo ao mesmo tempo, tentar fugirmos e talvez apenas sermos mordidos nas pernas, por sorte passou um senhor num trator que viu o que se estava a passar e mandou-nos uma corda, consegui atar a corda no cão e depois ele com o trator puxou-o contra o portão e salvamos-nos daquele ataque. A senhora levou 200 pontos nas pernas, parecia que tinha sido mordida por um tubarão, felizmente eu e o marido dela não fomos mordidos mas não havia nada a fazer por aquele cão e teve de ser abatido." Relativamente ao hostel disse-me: "trabalhamos o ano todo, é claro que no verão há mais ocupação, tenho aqui cerca de 20 boxes e um pateo grande com um tanque de água, onde os cães saem algumas vezes ao dia para brincarem e fazerem as suas necessidades, além disso tenho cá uma rapariga a trabalhar que a função dela é brincar com os cães e um protocolo com uma veterinária que vem cá sempre que é preciso. Eu vivo aqui com a minha mulher e em casa temos 14 cães! Estamos a aumentar isto para termos também espaço para gatos."
Poços, Torres Vedras, 24 de Julho de 2016
Miguel A. Lopes
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