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Umbelina Silva, 91 anos; Renato Oliveira, 92 anos

Umbelina Silva, 91 anos; Renato Oliveira, 92 anos. Impossível resistir a este adorável casal quando nos cruzamos com eles na rua e vão de mão dada como dois namorados. Por norma, significa que são os fantásticos protagonistas de uma história que é, seguramente, digna de filme. Durante a nossa conversa era notório um carinho especial entre eles. O olhar, o toque, até a troca de sorrisos malandros quando relembraram outros tempos, no Jardim Camões. Quando lhes pergunto qual o segredo para a longevidade da relação, rapidamente, obtenho uma resposta. “Respeito, compreensão e amizade. Coisas que, hoje em dia, já não existem na maioria dos casos”, afirma Umbelina, num tom mais sério. “Se é que existem segredos, talvez sejam esses. Isto agora é só relações modernas”, reforça Renato, brincando. Conheceram-se quando eram muito jovens porque as suas famílias eram bastante amigas. “Conhecemo-nos novinhos e, na altura, bem malucos… há uma data de anos”, conta Renato, sorrindo. Estão casados há 66 anos e, por opção, nunca tiveram filhos. Mas desde sempre que os sobrinhos, de certa forma, ajudaram a colmatar essa falta. “A minha mãe tinha uma doença pulmonar e, pouco tempo depois de casarmos, também me foi detetado o mesmo problema. E na altura foi-me dito que era hereditário. Foi algo que, psicologicamente, me afetou imenso. Dificultou-nos imenso a vida. É que naquela altura não havia as facilidades que há hoje. E foi por isso mesmo que optei nunca ter filhos. Não quis que eles passassem pelo que passei”, conta Umbelina, justificando a sua opção. “E, como é óbvio, sempre respeitei a decisão. Também era algo que eu nunca tinha realmente pensado. Depois os anos passaram e habituamo-nos sempre a viver os dois e fomos sempre muito felizes”, confessa Renato. Na altura em que revelei o motivo que me levou a abordá-los, Umbelina confessa: “Oh, menino, ele nunca tira a mão de cima de mim. Anda sempre agarrado a mim. Costumo dizer que, ao longo do tempo, percebi que ele comunica muito com as mãos. Pode não falar comigo mas sei sempre o que ele quer dizer apenas com o toque”. “Não vivemos um sem o outro. E, nesta idade, apenas nos temos um ao outro. Já temos necessidade um do outro. E que assim continue”, explica Renato.

Leiria, 20 Junho 2016
Rui Miguel Pedrosa


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