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Maura Barreto, 35 anos

Maura Barreto, 35 anos. Conheci a Maura no Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas dos Açores, enquanto acompanhava uma turma que visitava o edifício. “Sou professora de artes visuais, e já cá estou há 10 anos..já vai mesmo para 10 anos…, sou de Évora” contou-me a Maura no inicio de conversa. Contou-me que veio para os Açores, porque “se fartou de andar com a casa às costas, como acontece com quase todos os professores hoje em dia”, “entretanto as coisas correram bem por cá, já casei, tenho um filho e já me sinto um pouco açoriana, se bem que com uma grande costela alentejana. Acho que os açorianos, têm uma grande herança alentejana e como a primeira pessoa que conheci quando cheguei aos Açores foi o meu marido, mais fácil ficou” contou ela entre gargalhadas, e continuou a explicar esta situação sempre entre sorrisos: “bem, ele estava à minha espera no aeroporto, com uma placa a dizer Maura, ele também é professor, e quando fui colocada tive que procurar casa, e ele foi o meu senhorio porque ficou colocado noutra ilha, felizmente conseguiu ficar em São Miguel,, mostrou-me a ilha, etc, entretanto, passados 10 anos somos casados” continuou ela entre gargalhadas! Falamos sobre o estado actual da escola e deu-me a sua opinião sobre o que é “dar aulas hoje em dia”: “apesar de tudo, acho que o mais difícil nesta profissão é por vezes estar longe da família, há um certo afastamento, as vezes as pessoas não têm a noção, mas é uma profissão muito cansativa, é terminar as coisas de casa, adormecer a criança e voltar a trabalhar, temos tarefas para cumprir da escola que são cada vez mais, deste ponto de vista é muito trabalhoso, mas por outro lado, a relação que temos com os alunos, mesmo com turmas que fazem um percurso alternativo, e principalmente na nossa área da multimédia, nós conseguimos ver resultados e isto toca-nos, por exemplo ao nível do 3º ciclo, este ano aconteceu-me algo que já não me acontecia desde o ano de estágio, na despedida, houve de facto uma certa tristeza, por não acompanhar mais aquela turma, nós acabamos por criar laços, e este ano, foi bem mais emotivo, porque vou para outra escola, parece que ficou um vazio porque não vamos continuar a trabalhar com eles e esta parte também é dura para um professor”. A nível mais pessoal explica-me que é muito feliz: “acho que sou extremamente feliz, porque acho que não há coisa que não tenha pensado que não tenha feito, existe algo que me deixa um pouco triste, que é estar longe da minha família, mesmo que comuniquemos 2 ou 3 vezes por dia, mas de resto, acho que sou muito ambiciosa e ainda falta fazer muita coisa, quando era miúda estudei música, e hoje em dia, voltei para o conservatório e há coisa de 2 anos, voltei a estudar, voltei a tocar saxofone, voltei a ser aluna e sabes que isto até me ajuda, para estar do outro lado, acabo por perceber melhor as angústias dos alunos..falta-me fazer tanto ainda..tenho tempo..é pena o Alentejo estar longe, mas estou bastante confortável cá agora” disse-me ela em jeito de conclusão. Obrigado pelo seu testemunho Maura e que continue ambiciosa para fazer mais coisas ainda. 

Ribeira Grande, 21 de Junho de 2016
Rui Soares



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