Encontrei o Francisco perto de minha casa, falei-lhe do projecto, aceitou mas não quis mostrar a cara nem o seu apelido. "A minha história é complicada..." Filho de famílias com bastantes posses preferiu não ir para além do 9º de escolaridade, perguntei o porquê desta escolha e respondeu-me que foi devido às más companhias que na altura tinha. Como quis desistir dos estudos os pais obrigaram-no a ir trabalhar para não estar a viver às custas destes. Passou, até hoje, por 7 locais de trabalhos diferentes. "Não consigo, crio conflitos com os meus colegas, com os chefes... Não fui feito para trabalhar". De há dois anos para cá que se estabilizou num emprego, como operador de call center.
Saiu de casa dos pais cedo para ir viver com a namorada, na altura bastante mais velha que ele, mas há 4 anos teve de voltar para casa por ser insustentável pagar todas as suas contas.
Atualmente não se vê a estudar apesar de se sentir arrependido de ter deixado os estudos tão cedo mas gostava de um dia realizar o seu desejo: Vir a ter a sua própria empresa como engenheiro informático.
Lisboa, 1 de junho de 2016
João Porfírio
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