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Yves Decoster

Yves Decoster. “Sabes, não se diz a idade nunca, não interessa para nada!”, assim começou a nossa conversa. Tenho de dizer que já conhecia o Yves de vista, e até já o fotografei para um artigo, mas não conhecia a sua história. O Yves nasceu na Bélgica nos anos 50. Teve uma juventude "normal", muito feliz, e, como os seus pais mudaram de casa várias vezes, isso fez com que se tornasse numa pessoa mais social e aberta; "Mudei de casa e de escola 9 vezes, e isso acho que te torna uma pessoa diferente, porque tens de encontrar novas pessoas, novas amizades, etc.". Estudou Publicidade numa escola técnica, e depois ingressou na Academia de Artes da Antuérpia, tendo grande aptidão para o desenho. "Esses foram uns tempos lindos, era uma beleza aquele tempo. Sempre vivi na costa da Bélgica... aqueles invernos, a costa, a neblina, a solidão... era muito bonito”. A primeira vez que veio aos Açores foi em 1982 anos. Junto com o seu companheiro Roland, decidiu ir a uma agência de viagens e pediu duas viagens para os Açores. Na agência aconselharam-nos a escolher antes entre o Algarve ou a Madeira: "E nós claro que viemos para os Açores”, diz ele no meio de uma enorme gargalhada. Nessas férias, apanharam 15 dias seguidos de tempestade e acharam que tinham tido as melhores férias de sempre. Continuaram a visitar as ilhas todos os anos, até que um dia decidiram: "estamos sempre a querer ir para lá! Por isso arriscámos, viemos, trouxemos os nossos gatos e…é o paraíso!” disse ele com um ar de felicidade. "Sinto-me me casa. Sentimo-nos em casa!” 
Uma vez aqui, um dos seus amigos pediu-lhe que pintasse algo na parede exterior da sua casa, como surpresa para a sua esposa. Pintou um coração em forma de flôr - agora a sua imagem de marca. "Depois o Roland disse - e a culpa disto tudo é dele: 'quando fazes as pessoas felizes com um pequeno desenho, tens de continuar. Tu não podes parar.' E até hoje, 5 anos e 320 corações depois, cá estamos. Agora quero pintar só até aos 365 e depois logo se vê!”
Por fim, diz-me que é muito feliz. Vive no paraíso, no meio do verde, e tem uma vida muito calma: “não tenho campaínha na minha porta, não tenho telemóvel, não uso pesticidas nem herbicidas, tenho uma relação fora daquilo que é comum." Embora explique que tenha sido talvez um pouco estranho verem numa pequena aldeia dois homens a viver juntos, as pessoas aceitaram-nos bem e são muito simpáticas; "Éramos conhecidos como o casal das Socas", diz a rir, "só que quando te dás ao respeito, recebes respeito e isto nunca falhou!” Obrigado Yves, boa sorte para os próximos 45 corações.

Ponta Delgada. 7 de Maio de 2016
Rui Soares

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