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Severino Lopes, 69 anos

Severino Lopes, 69 anos. Por diversas vezes passei numa casa com um pátio cheio de artigos alusivos ao Benfica. Era óbvio que seria de um adepto ferrenho do clube da águia. Desta vez, encontrei o inquilino à porta e abordei-o. Confidenciou que já tinha sido entrevistado para um jornal, mas ficou desolado porque nunca chegou a ver o artigo. É natural da Moita e está em Leiria há 46 anos. “Tive de sair de lá porque naquela altura andava de cabeça no ar. E meti-me com uma mulher casada. Então para evitar problemas acabei por vir embora. Tive de ganhar juízo. Eu era jovem e queria era aproveitar enquanto tinha tempo”, conta com um sorriso matreiro. Quando veio para Leiria, já tinha trabalho numa fábrica de plásticos. E foi aí que sofreu um acidente de trabalho, que lhe ceifou um dedo mindinho. “A máquina avariou e ao tirar a peça do molde, ela fechou. Naquele momento nem me apercebi do que tinha acontecido e continuei a trabalhar. Não senti dor nenhuma”, recorda Severino, atribuindo o incidente ao provável cansaço provocado pelo trabalho nocturno e por turnos. “Quando regressei ao trabalho, queriam que voltasse para a mesma máquina. Mas eu tinha ficado com medo de lá trabalhar. Então enchi-me de coragem e despedi-me”. Actualmente, que está reformado, acaba por passar o tempo a fazer 'bricolage', sobretudo a enfeitar o pátio com motivos alusivos ao clube do seu coração. Aproveito a deixa e tento saber o que o leva a tanta dedicação. “O Benfica é a minha vida. Mas acho que esta paixão começou quando era miúdo que andava a correr atrás das águias, no Alentejo. É a minha perdição. Olhe que a casa onde moro só não é vermelha porque não é minha. Se fosse minha, não tenha dúvidas que seria vermelha”, diz sorrindo. E conclui em tom de brincadeira que só tem pena do filho ser Sportinguista.

Leiria, 6 Maio 2016
Rui Miguel Pedrosa


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