Zina Tavares, 57 anos. Conheci a D. Zina na Achadinha - uma das nove freguesias da Vila de Nordeste - no estabelecimento do qual é proprietária, o café Tavares. Quando lhe pedi um pastel de nata, esta respondeu-me logo que eu devia saber que os pastéis de hoje não eram frescos. Apreciei tanto aquele rasgo de sinceridade que lhe pedi para participar do nosso projecto. Comecei por lhe perguntar pelo seu nome tão fora do comum, que afinal já existia na família: “eu perguntei à minha mãe o porquê do nome Zina, ela apenas me disse que eu tinha uma prima com esse nome e que era muito bonito, por isso lá ficou. E ainda bem, gosto muito do meu nome!” diz a rir. A D. Zina nasceu aqui na Achadinha e foi aqui que viveu praticamente toda a sua vida. Aos 19 anos foi para o Canadá com os seus pais, mas após 6 anos decidiram regressar à ilha. No regresso, o seu pai comprou o estabelecimento onde estamos, e a D. Zina ficou encarregue dele: "estou eu a tomar conta disto há 30 anos já. Gosto muito, vamos andando, com dias melhores e piores... mas é uma vida boa, sossegada, de casa para o café, do café para casa. Agora isto está óptimo, porque antigamente isto era uma pobreza, as casa eram de palha, mas agora nos tempos modernos, o nosso viver ficou para muito melhor”. Quando era pequena, sonhava ser educadora de infância ou mesmo até trabalhar num lar de idosos, mas "foi ficando" por ali. "Os planos estavam feitos e estão feitos para o resto da minha vida: ficar aqui. Sou solteira e tomo conta de uma irmã deficiente, não posso fazer muitos planos que não incluam o 'nosso' bem estar. Tenho de gostar muito da minha vida, porque não tenho outra.”
Independentemente das dificuldades, diz que se sente feliz: “Sou feliz, graças a Deus. A nossa vida vai indo bem, ninguém me manda e faço o que quero, o que pouca gente pode dizer. Mas tenho uma vida calma, e gosto muito de viver aqui”, diz ela antes de ir atender mais uns clientes. Obrigado pelo seu tempo D. Zina. 

Achadinha, Nordeste, 24 de Abril de 2016 
Rui Soares