Sílvia Leal, 45 anos. Já há alguns dias que a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCP) está a fazer uma campanha de sensibilização nas ruas de Leiria. Sílvia é a presidente da CPCJ de Leiria, onde trabalha há 5 anos. E sente uma satisfação enorme quando consegue ajudar as crianças que acompanha. Mas confessa que não é uma tarefa fácil: “Todos os dias lidamos com casos complicadíssimos. Não só maus tratos físicos e psicológicos mas também abusos sexuais ou crianças rejeitadas pelos pais. É duro ver essa realidade”, confessa. “O sofrimento marca para sempre. Não é algo que se apaga da memória. É preciso ter essa noção. Por exemplo, imaginem uma folha de papel amachucada. Ela nunca irá voltar ao normal. Tudo o que marca irá ficar. E quanto mais magoada, mais difícil será de recuperar”, adianta Sílvia, explicando que todas as crianças, ao longo do seu desenvolvimento, necessitam de uma referência. “Quando não são os pais essa referência, muitas vezes acabamos por ser nós, as técnicas da CPCJ, que nos tornamos as referências deles”. Não há uma razão aparente para justificar os maus tratos, mas o é certo é que quem maltrata dificilmente irá assumir o seu acto e as crianças vão crescer naquele ambiente, e a maioria das vezes, apenas mais tarde é que procuram ajuda. E com a velocidade da vida, nem sempre as pessoas ficam atentas ao que se passa à sua volta. “Os afectos no crescimento da criança são essenciais. E quando nos apercebemos de algum caso, próximo de nós, devemos denunciá-lo às autoridades. Senão nunca se irá saber e nunca se poderá ajudar os que precisam. Não podemos ser indiferentes. Essa criança será uma criança triste, que não irá sorrir. Os olhos das crianças não mentem!”, conclui Sílvia.
Leiria, 16 Abril 2016
Rui Miguel Pedrosa
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