Regep Bargargan, 65 anos. Num dia em que o tempo nem está muito famoso, com a chuva a ameaçar cair a qualquer momento, desperta-me a atenção um homem deitado no jardim. “Pelo menos não chove”, responde-me. Então pergunto-lhe o que está ali a fazer e rapidamente me explica que está a descansar antes de ir “para ali”. Di-lo com um discurso pausado e acenando a cabeça em direcção a um centro comercial, no centro da cidade. “Venho aqui para comer uma sandes e em busca de sossego”, acrescenta. Quando me diz o seu nome é que entramos num momento de ‘guerra’, comigo a tentar perceber como se escreve. A dúvida mantém-se até que, finalmente, me mostra o seu cartão de identificação. E ao ver a sua nacionalidade – Roménia - percebo a dificuldade que tem em falar Português. Está em Leiria há 5 anos. E quando lhe pergunto o motivo de ter vindo, baixa a cabeça. “Vim com a minha família. Ficamos sem casa durante umas inundações devido ao mau tempo”, diz. Pergunto que tipo de ajudas tiveram antes de decidir vir para Portugal. “Não tivemos ajudas. Responderam-nos que não tinham como ajudar. E foi nessa altura que decidimos vir”. Conta que gosta imenso de Leiria e diz que é, sobretudo, pelo facto das pessoas terem sido sempre amáveis com ele. Contudo, nem sempre foi assim. “Quando procurei trabalho, ainda cheguei a ser mal recebido porque nos julgaram pela aparência”, revela. Naquele momento, fiquei a pensar no que me tinha dito e perguntei o que é que ele fazia. “Costumo estar ali a pedir esmola”, diz Regep. Lembrei-me, então, de ver naquele local, com regularidade uma pessoa a pedir. Que nunca chateia ninguém. Que está apenas ali sentado no chão e diz bom dia às pessoas que vão passando. Quis saber onde mora e ele responde que vive com a família numa casa com a construção inacabada que fica ali perto. Depois de fazer a fotografia agradeci a conversa. E muito educadamente responde: “Obrigado. Desejo o melhor para si e para os seus”.
Leiria, 18 Abril 2016
Rui Miguel Pedrosa
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