Christina Fritz, 36 anos. Natural da Alemanha, está a viver cá há cerca de um ano depois de viajar por muitos outros países. "Eu já não vivo na Alemanha há 14 anos, eu vivia basicamente em todos os lugares. Estive no Egipto, depois fui para Budapeste e depois vim para aqui. E, até agora, acho que foi a melhor decisão que já tomei. A nível de segurança, há anos que eu não ando pela rua sem olhar por cima do ombro. Sinto-me segura muito, muito segura aqui, não tenho medo de ser assaltada ou atacada, e a nível da natureza... ah, é um lugar extraordinário, é realmente lindo!”
A Cristina mudou também o rumo da sua vida profissional. Durante muitos anos trabalhou na indústria hoteleira, construindo spas em hotéis de cinco estrelas por todo o mundo. Mas esta vida era uma "não-vida": "trabalha-se desde a manhã até pela noite dentro, e depois a cada 2 anos, tinha que me mudar para outro destino, o que para mim era estar constantemente a dizer adeus às pessoas que estavam no meu coração." Exactamente por isso, tomou a corajosa decisão de desistir dessa vida, assentar a longo prazo num só lugar, e enveredar pelo "segundo grande caso amoroso" da sua vida : o design de malas. "Está começando devagar, mas surpreendentemente bem, eu não estava à espera que tivesse repostas tão positivas tão cedo!” diz ela a sorrir.
Antes desta grande mudança, a sua vida era muito planeada; os dias, as horas, os anos. Agora, vive de forma bastante mais espontânea, o que consegue ser assustador para quem planeava sempre a sua vida com 2 anos de antecedência, mas que parece muito mais real e interessante.
"Esta vida assim é... mais vida, agora não sou só um fantoche a ser colocada em locais diferentes".
Agora, sente-se bem cá nas ilhas e está a aprender português. Aproveitei para lhe perguntar onde se sentiu menos bem, em todos os sítios onde esteve no mundo: "Foi o Cairo, com certeza. Não é nada como aqui na Europa, que nós aqui temos uma vida livre. Estive lá durante a primeira Revolução e estive em situações que foram muito duras, as recordações vão ficar comigo e eu nunca vou esquecê-las. Vi pela primeira vez na minha vida uma face muito brutal do ser humano, acho que foi uma experiência interessante a nível pessoal, mas não as quero passar de novo, nunca mais.”, disse num tom angustiado.
Para finalizar, perguntei-lhe se se sentia feliz com toda a sua vida até agora, ao qual me respondeu com um sorriso enorme: “Sim, tornei-me feliz!”. Obrigado Christina.
Furnas. 20 de Abril de 2016
Rui Soares
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