Conheci o Bernardo na sequência de um serviço que fiz para o jornal onde trabalho e pedi-lhe, depois de ser publicado, se poderia falar um pouco com ele para o projecto "Um Estranho por Dia", adorou a ideia e aceitou de imediato, dizendo que todos os meios de transmitir força às pessoas são poucos. Porquê?! Ao Bernardo, aos 12 anos, foi diagnosticado um tumor no cérebro. Neste momento o Bernardo fala abertamente sobre a doença apesar de lhe ter mudado a vida no início da sua adolescência, mas admite também que a doença ajudou-o a ser a pessoa que é hoje: corajosa e confiante. Os sintomas ao Bernardo começaram cedo mas nada indicava ainda o aparecimento de um tumor. No dia em que fez 1 mês de idade teve 11 ataques cardíacos e nessa altura e até aos meus 12 anos os médicos pensavam que tinha o síndrome de morte súbita.
Descobriu que tinha o tumor no cérebro porque na altura era jogador profissional de andebol e uma vez num torneio, a brincar, um amigo acertou-lhe com um ferro na cabeça e a partir desse dia tive imensas dores de cabeça e bastante dolorosas. Fez de seguida uma ressonância magnética e foi aí que soube que tinha um tumor no cérebro. Em Portugal não houve nenhum médico que o quisesse operar e por isso, com o apoio da sua família e dos seus amigos, conseguiu dinheiro para a importantíssima operação, nos Estados Unidos e aí houve um médico que lhe disse "Lembras-te dos médicos que diziam que ias morrer, que não havia cura para o teu problema?! Chegas a Portugal e dizes-lhes que ainda hás-de morrer depois deles". "A minha vida, com o aparecimento da doença mudou completamente, a dos meus pais e dos meus irmãos. A minha infância foi passada em hospitais e por isso tive de crescer muito mais depressa". No fim da conversa o Bernardo diz-me que "sou um rapaz confiante, destemido e com força de vontade. Onde é que vou buscar esta confiança toda?! Aos amigos que fiz e que infelizmente perdi por terem a mesma doença que eu".
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