José Rego, 47 anos. Estava em trabalho numa exploração agrícola quando conheci o José - ou melhor, quando "voltei a conhecer" o José: “Epá, com essa barba nem te conheço, mas eu andei contigo ao colo!” disse-me quando me viu. Escolhi-o logo para meu estranho do dia. Quando lhe pedi para explicar o porquê de ter andado comigo ao colo, respondeu-me: “Ah, isso é bela história.., quando eras pequeno, eu brincava contigo. Eras mesmo criança ainda quando vinhas para as vacas com os teus primos... o meu pai trabalhava com o teu tio, e eu ia com ele para as vacas, vê tu que até a tua mãe foi minha professora,” diz ele a rir. Realidades de se viver numa ilha pequena.
Conta-me que sempre foi lavrador, desde pequeno. Sempre gostou muito da vida da lavoura, de estar no campo, "não tinha como fugir disso". Gosta mesmo muito daquilo que faz, e diz que no sítio onde trabalha, as condições são bastante boas: "Consola, não faz muito frio, não se apanha muita chuva... isto é uma vida difícil, temos que gostar muito disto, e mesmo assim, temos que pensar sempre na vida. Uma pessoa não se importa de acordar cedo porque se acostuma, não faz mossa." Admite que chegou a pensar em emigrar, mas depois "esmoreceu" a ideia, porque por cá trabalha e ganha dinheiro, e "trabalho por trabalho, mais vale ficar cá perto da família”.
Continua reforçando a ideia de que é um trabalho muito difícil e não é para qualquer pessoa. "Às vezes aparece alguém para trabalhar aqui que não se dá com isto, é uma vida boa mas dura, muito dura, tenho aqui em ordenha 256 vacas e sou o responsável por elas. Sei o nome de todas e às vezes até converso com elas”, diz ele entre gargalhadas. Por fim, diz que é um homem que não faz muitos planos e vai vivendo o dia a dia. "As coisas vão correndo bem assim, sou uma pessoa feliz, não me falta nada. Não sou rico, mas a família tem saúde e vamos vivendo!” diz a sorrir. Obrigado, José.
Lagoa. 11 de Março de 2016
Rui Soares
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