Maria Fidalgo, 68 anos; Vânia Rio, 26 anos; Patrícia Rio, 16 anos. Num dia em que os desfiles de Carnaval reinaram pelo país, eu fui em trabalho para a Nazaré. Onde é feito - assim o dizem por lá - o carnaval mais português de Portugal. Maria Fidalgo 'transformou' as netas num bom exemplo. Vestiu-as a rigor, e fez questão de as trazer para a rua com uma das tradições mais antigas da Nazaré: as sete saias. “Tenho muito orgulho de as ver assim. E sempre que posso contribuo para que elas levem a tradição para todo o lado”. Perguntei qual era o verdadeiro significado das sete saias. “Na realidade há várias teorias. Desde os sete dias da semana, as sete cores do arco íris, passando pelas sete ondas do mar. Noutros tempos, era dessa forma que se comunicava para os nossos maridos pescadores, para sairem do mar. Contava-se as sete ondas e em cada uma delas se levantava uma saia, com cores diferentes, para que eles soubessem quando podiam vir para terra”. “Ou então simplesmente para nos aquecer. Mas antigamente eram mais compridas. Os rapazitos malandros andavam sempre a querer espreitar”, conta Maria, deixando escapar um sorriso matreiro. Ao seu lado, Vânia explica que é engenheira de energia e ambiente e, durante o curso, sempre fez questão de levar a tradição para as praxes. “Onde passo não tenho vergonha nenhuma das minhas origens”. No caso da Patrícia, conta que se veste assim porque gosta e revela que estas roupas são especiais, por serem feitas pela avó. "Fazem-nos sentir nazarenas", acrescenta Vânia, rematando: "O carnaval está-nos no sangue. Crescemos com isto. Creio que ninguém consegue explicar, vivemo-lo como ninguém”. 

Nazaré, 7 Fevereiro 2016
Rui Miguel Pedrosa