Vanessa Mora, 22 anos. O que me chamou a atenção foi o modo elegante como caminhava, quase como se fosse a dançar, ao som dos seus vistosos auriculares.
Vanessa começa por dizer que vive sozinha desde os 17 anos. “Os meus pais separaram-se. E como não queria que nenhum deles ficasse a ‘perder’, decidi ir morar sozinha”. Confessa que não foi bom, nem mau, mas admite que não foi a melhor opção. “Não escolhi o caminho certo e apenas mais tarde percebi as consequências. Quando somos novos achamos que os pais apenas nos estão a ‘dar na cabeça’, mas depois é que percebemos que estávamos errados”. Trabalhou na noite, num bar de praia. “Acabava por sair do trabalho e ia para outro bar para ‘curtir’. É muito andamento. E mais tarde é que o corpo começa a sentir”. Pergunto se já teve algum problema na noite: “Uma vez apanhei um susto. Ouvimos tiros no exterior do bar e fiquei sem reacção. É claro que tive medo. Mas felizmente os seguranças juntaram-se todos e controlaram o gajo”. Refere que a noite é muito perigosa. São as drogas, álcool e a violência. Tento saber do que se arrepende e rapidamente diz que começou a beber cedo demais. “Aprendi da pior maneira. Fui parar ao hospital três vezes em coma alcoólico. E quando soube que se houvesse quarta vez seria internada na ala de psiquiatria por ser considerado distúrbio, percebi que tinha de parar. E parei. Actualmente, apenas bebo moderadamente”.
Diz que se afastou do mundo da noite e que veio trabalhar para Leiria. “Chegou a altura em que senti que precisava de atinar”.
Leiria, 23 Janeiro 2016
Rui Miguel Pedrosa
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