Paulo Nuno, 49 anos – O Paulo trabalha num carro satélite da RTP. Quando cheguei ao pé do Paulo ele estava muito atarefado a acabar os preparativos “Há que orientar a antena parabólica para o nosso satélite, o Telsat7b” Perguntei-lhe como o fazia “sabemos a localização do satélite está para Sul, ele é geoestacionário relativamente à Terra, ou seja está sempre na mesma direção, roda com a Terra e normalmente usamos a bussola que é um instrumento importantíssimo para em qualque...r lugar do pais sabermos para onde está Sul” e a sorrir completou: “mas também há um truque que é olhar para onde estão viradas as antenas dos prédios” Perguntei-lhe se ficava a editar “Não, este carro apenas recebe o sinal de televisão e transmite, gravado ou direto, não é régie de edição. Os nossos repórteres de imagem filmam, eu recebo aqui o sinal e o carro envia para o satélite que por sua vez reenvia para a central onde editam e transmitem depois na televisão”. Perguntei-lhe se tinha alguma história engraçada “Temos sempre de chegar antes aos locais onde os nossos colegas vão filmar. Há sempre peripécias, ainda hoje, tivemos de tirar um marco de pedra pesadíssimo para podermos estacionar aqui a carrinha se não tivéssemos uma corda não tínhamos conseguido estacionar aqui!”. Quando me despedi do Paulo reparei que tinha um problema na sua mão direita e perguntei-lhe o que tinha “há uns anos tive um grande acidente de moto, ia a chegar a Lisboa e a moto ficou sem combustível, trancou a roda de trás e caí e fui bater nos rails. Fiquei todo cortado! Por sorte vinha mesmo atrás de mim uma ambulância. Os bombeiros levaram-me logo para o hospital, se não fosse isso hoje se calhar não estava aqui. Fiz cinco anos de fisioterapia, mas o corpo adapta-se até passei a escrever com a mão esquerda! Ah e continuo a andar de moto!”.
Vila do Conde, 24 de janeiro de 2015
Miguel A. Lopes
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