Maria Albertina e Domingos Costa, 75 e 76 anos. Encontrei este belíssimo casal a passear na Nazaré, num dia de chuva e muito vento. Mas apesar das adversidades temporais, estivemos a conversar. Têm ambos uma infância na zona de Fátima e Ourém, onde se conheceram. Maria Albertina nasceu mesmo no recinto do Santuário, local onde começou, ainda em 'cachopa' a vender artigos religiosos. “Os peregrinos apareciam e nós, os cachopos, entrávamos para os autocarros, onde íamos vender terços e medalhas a 5 tostões”. Recorda-se, que naquela altura, “íamos buscar água, ao Sagrado Coração de Jesus, para levar para casa, cozinhar e tomarmos banhos”. Domingos Costa foi para Lisboa abrir um negócio, em 1966. “Mas não correu bem e acabei por regressar a Ourém, em 1971”. E foi nesse ano, que juntamente com Maria Albertina, abriram o seu negócio hoteleiro, em Fátima. “Mas sabe? Naquela altura do Salazar não era fácil um casal, que não fosse casado, ter um negócio”. Confessam, enquanto olham um para o outro a sorrir, que algumas vezes tiveram de enganar as pessoas. “Comentavam, perguntavam e, algumas vezes, dizíamos que éramos primos, mas claro que as pessoas desconfiavam”. Nessa altura, acabaram por casar, com a ajuda de clientes e amigos, inclusivamente de um padre. E, em risos, dizem: “e foram os nossos clientes que trataram da papelada toda”. “Então, depois de falarmos entre nós, achámos que não seria má ideia e avançámos... até hoje!”.
Nazaré, 3 Janeiro 2016
Rui Miguel Pedrosa
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