João José Faria, 70 anos. Em Pombal, o “Faria” é uma figura bem conhecida. Eu, que sou de Leiria, já tinha ouvido falar nele. E ser conhecido não o incomoda nada, sente-se bem com isso. Até lhe costumam dizer que é a pessoa mais popular de Pombal. E por ser conhecida é também acarinhada: por onde passa, toda a gente o cumprimenta. Diz que até há quem o trate pela alcunha ‘Indiana Jones’. Pergunto qual o motivo dessa alcunha. “Toda a gente que me conhece sabe que gosto de procurar e investigar coisas”. Peço-lhe para me explicar melhor que tipo de coisas procura. “Este meu gosto começou com a espeleologia. Cheguei a encontrar ossos de dinossauro no Barrocal. Alguns entreguei e outros fiquei com eles na minha arrecadação”. Tento saber que tipo de coisas mais tem armazenadas: “Tenho um pouco de tudo. Acabo por coleccionar tudo. E também costumo embalsamar animais. Aprendi a técnica devia ter uns 30 anos”. Na cidade, conta-se ainda aquele episódio com o prof. José Hermano Saraiva, quando o Faria lhe disse “ó sôtor, eu gostava era de o embalsamar a si”. O homem riu. Mostro interesse em saber um pouco mais sobre o tema e qual o animal que mais o marcou. “Já o fiz em vários animais. Mas o que me marcou mais talvez tenha sido o crocodilo. Na altura que o embalsamei até cheguei a ir à TV. Ainda o tenho guardado algures na arrecadação”. João Faria tinha um ‘museu’, onde costumava passar o seu tempo, no edifício da Cadeia Velha, na praça Marquês de Pombal. “Agora, as coisas estão numa arrecadação, tudo ao monte. Estou à espera que a Câmara me diga onde as posso pôr. Gostava de poder ter tudo num museu, para que as pessoas pudessem visitar e conhecer. Ou, pelo menos, ter tudo arrumado num sítio decente”. Enquanto espera, dedica-se à pintura. Usa um velho carrinho de bebé como suporte de materiais, instala-se no largo do Cardal ou no café Nicola e assim passa os dias. À noite, recolhe ao Lar Rainha Santa Isabel, onde é um hóspede especial.
Pombal, 26 Janeiro 2016
Rui Miguel Pedrosa
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