Francisco Bettencourt, 22 anos. Conheci o Francisco na sua hora de almoço, quando estava a descansar com uns colegas de trabalho. Relutante numa primeira fase, lá aceitou participar do projecto. “Deixei a escola no 9.º ano para ajudar a minha família, os meus pais separaram-se e todos temos de ajudar. Já pensei em voltar a estudar só que aqui na Graciosa não vou conseguir, só saindo daqui. Não quero sair mas tem de ser. Vou estudar, terminar o 9.º ano e ir até ao 12.º, e a seguir não sei, logo se vê. E depois, dependendo das oportunidades, vejo se volto à Graciosa ou não”, conta-me.
Trabalhou na construção civil e numa sala de ordenha, mas depois de um ano desempregado sem direito a subsídio de desemprego, arranjou trabalho numa lavoura: ”acordamos cedo, às 6 da manhã, seja com chuva ou vento etc... mas para mim é normal. Há quem critique ou fale mal de quem faz isso, mas é um trabalho como outro qualquer. Tenho mais de 60 vacas a meu cargo, com um colega meu”. Sobre a vida na Graciosa, diz-me que já foi muito melhor, mas há cerca de uns 7 ou 8 anos ficou completamente "parado", porque muitos dos jovens tiveram de sair da ilha - uns para prosseguir estudos e outros à procura de oportunidades de trabalho - o que acabou por retirar um pouco do movimento da ilha. Conta que, de vez em quando, acontecem umas "coisas diferentes e novas", mas só durante o Verão, porque durante o Inverno "é o que se pode ver."
Sem pensar demasiado no futuro, diz-me que vive o dia a dia sem se preocupar demasiado com o dia de amanhã, mas sempre esperando que a Graciosa melhore: "não estou bem a ver o que pode acontecer... por exemplo, este Verão a Natureza ajudou e tivemos praia, senão tinham de comprar areia para fazer uma praia aqui, o que ajuda bastante ao turismo aqui na ilha.”
Boa sorte com os estudos, Francisco, e um abraço meu.
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