Daniel Rodrigues, 51 anos - Hoje é dia de jogo em Lisboa e isso significa negócio para o Sr. Daniel. A preparação da sua roulote de comidas "Parybebe" começa muitas horas antes do jogo, quando o encontrei estava a esticar um cabo de uma antena parabólica instalada num dos pilares de um viaduto para a televisão na sua roulote. Trabalha neste ramo há 27 anos e contou-me que "há uns anos ia sempre a Arganil para o Rally de Portugal, um dia ia a subir um dos troços do rally com a roulote e a carrinha não a conseguia puxar e foi um guarda florestal que me ajudou com um jipe, depois quando já lá estava instalado um gajo rico bateu com o carro num dos bidons da roulote mas esse gajo não me quis pagar nada e aquilo quase deu pancada nesse dia. Não deu nesse dia mas deu no outro ele apareceu lá com o guarda florestal, eram amigos, e eu disse que servia o guarda mas a ele não o servia, então ele puxou de um maço de notas, deviam ser uns 500 contos e disse que se quisesse comprava-me a roulote, mas eu não o servi na mesma e deu uma tal confusão que andou tudo à porrada, eu e os meus empregados e esse gajo e os amigos dele de tal maneira que me iam virando a roulote pela serra abaixo!" a conversa continuou "tenho muitas histórias. Um dia apareceram três rapazes e apontaram-me uma pistolas, eu pensei que fossem de plastico e virei-me a eles com uma faca mas depois um disparou mesmo e encostou-me a pistola à cabeça, levaram o que quiseram e felizmente não me fizeram mal nenhum". Quando lhe pedi para o fotografar pediu uma imperial a uma das suas empregadas "já tenho a boca seca de falar".
Lisboa, 6 de janeiro de 2016
Miguel A. Lopes
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