Álvaro diz que a casa onde mora não tem condições. “Até chove lá dentro”. Apesar disso, é aí que vive mais a namorada, uma pessoa que, diz, é muito importante na sua vida porque o ajudou numa altura em que precisou.
Pergunto-lhe se quer falar um pouco sobre essa altura. Confessa, então, que já foi consumidor de heroína. “Quando era jovem, meti-me nessas coisas, mas consegui recuperar. Depois com a morte dos meus pais tive uma recaída. Recuperei. Depois foram as más companhias que me fizeram voltar a consumir. Mas desta última vez, a minha namorada ajudou-me a conseguir ultrapassar isso e agora estou ‘reparado’ e bem de saúde”.
Já esteve preso, mas garante que nunca vendeu droga, até porque, assegura, “não tenho jeito nenhum para isso, estaria sempre a ser preso”. O irmão também consumia droga. “Morreu de ‘overdose’ e acho que a morte dele também me deu força para deixar a droga”. “Custou-me muito ver o meu irmão partir”. Diz que conseguiu ultrapassar tudo e que, apenas, quer ver a situação da casa resolvida. “Mas a assistente social quer-nos meter num bairro onde há droga. E tenho medo de voltar para esse mundo e não resistir. Além do mais, quero poder ter hipótese de voltar a ter a minha filha comigo e não a quero ver nesse mundo”.
Leiria, 8 Janeiro 2016
Rui Miguel Pedrosa
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