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Adriana C. 72 anos

Adriana C., 72 anos. Hoje foi "a minha estranha" que me encontrou. Estava em reportagem, em dia de furacão cá nos Açores, quando passei pela porta da Senhora Adriana e ouço: ”Rapaz!, entra aqui para dentro, está a chover demasiado para andares por aí assim e já estás todo molhado”. Quando entrei na sua casa dela, reparei que o chão estava todo molhado, entrava muita água mesmo com todas as protecções e sacos de areia. “Isto é sempre assim quando chove muito e sopra vento do mar. Vivo aqui há 22 anos e é sempre assim, nós não temos descanso". Continua contando que “em Dezembro passado também foi muito mau, tive de ir dormir para os Bombeiros, não pude ficar aqui em casa, foi bem pior que este de hoje”. A dividir a sua atenção entre a nossa conversa e o seu cãozinho Max (que a exigia mais que eu), conta-me que é viúva, mas os seus netos tomam muito bem conta dela: “já me ligaram para saber como é que eu estava”, diz sorridente. “Se não fosse a doença eu ainda trabalhava mais, mas mesmo assim ainda vou atimando as coisas. Estou desde as 5h a limpar água... mas estou um pouco em baixo, a diálise e a minha doença dos rins já não me deixam fazer muito e já estou estafada”, confessa. No entanto, assegura-me que já está habituada ao mau tempo e que "daqui a nada isto já vai ficar bom, já vai despachar!". Por fim, despede-se de mim com o mesmo carinho com que me acolheu: “leva este pano para enxugares as tuas cameras, o sal não faz bem nenhum a nada!”. Senhora Adriana, muito obrigado por ser a minha estranha de hoje, e, especialmente, por me ter dado guarida durante a chuva.

Ponta Delgada. 15 de Janeiro de 2016
Rui Soares


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